Publicada em 11/11/2024 às 10h58
A ajuda humanitária que chega a Gaza é insuficiente para atender às necessidades urgentes da população, segundo alertas da ONU, de agências humanitárias e dos Estados Unidos, que é o principal aliado de Israel.
O jornalista Jorge Dastis, da agência espanhola EFE, destaca que os EUA deram um prazo de 30 dias para que Israel melhore a situação humanitária, ameaçando cortar a assistência militar caso não haja avanço. Esse prazo termina nesta terça-feira.
Na prática, a ajuda ainda é insuficiente. Em outubro, apenas 990 caminhões com suprimentos entraram na Faixa de Gaza, o menor número registrado em 2024, segundo dados da ONU. O governo dos EUA estipulou a necessidade de um mínimo de 350 caminhões por dia.
Dastis aponta duas razões principais para a escassez de suprimentos: a burocracia para autorizações de entrada e a falta de segurança dentro de Gaza. Israel não fornece uma lista fixa dos itens permitidos, o que torna o processo imprevisível. Javier Suárez, coordenador de suprimentos dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), explica que itens como medicamentos têm entrada facilitada, mas produtos classificados como “uso duplo” – como tesouras, camas hospitalares e muletas – enfrentam restrições rigorosas. Se um caminhão contiver esses itens, ele é devolvido para reorganização e reautorização, reiniciando o processo.
As condições de higiene em Gaza são alarmantes. O lixo se acumula em acampamentos improvisados e produtos como sabão e xampu, que raramente passam pelo controle israelense, são escassos e custam caro. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) apoia a coleta de lixo com reparos e combustível, mas a infraestrutura continua insuficiente, especialmente com a aproximação do inverno. Sarah Davis, porta-voz do CICV, alerta que a mistura de lama, esgoto e lixo traz sérios riscos sanitários.
Para minimizar o impacto do inverno, os MSF tentam enviar “kits de inverno” contendo lonas, cobertores e roupas térmicas. Porém, Rebeca Virseda, que coordena a distribuição na área humanitária de Mawasi, afirma que aguardam esses itens há dois meses.
O exército israelense argumenta que a ajuda não é limitada, e que mais de 700 caminhões já entraram em Gaza. No entanto, números ainda ficam aquém dos 500 caminhões diários necessários antes do conflito para suprir as necessidades da população, que já era considerada crítica.