Publicada em 28/11/2024 às 16h05
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está pressionando o governo da Ucrânia a recrutar mais cidadãos para o Exército para garantir mais tropas no combate contra a Rússia. A Casa Branca quer que a Ucrânia reformule as leis de mobilização para permitir a convocação de jovens a partir de 18 anos para a guerra, informou a Associated Press (AP).
Atualmente, a idade mínima de mobilização é de 25 anos. A informação foi repassada para a agência nesta quarta-feira (27) por um integrante da administração Biden, que falou sob condição de anonimato. Na avaliação dos EUA, a Ucrânia está "gravemente em desvantagem numérica" contra os russos.
O integrante do governo americano afirmou que “a pura matemática” da situação da Ucrânia é que o país precisa de mais tropas no combate. O país não está mobilizando ou treinando soldados suficientes para substituir as perdas no campo de batalha, enquanto acompanha o crescimento militar da Rússia, acrescentou o oficial.
A Casa Branca já enviou mais de US$ 56 bilhões em assistência de segurança para a Ucrânia desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022. Além disso, Biden está preparando um novo pacote de US$ 725 milhões (R$ 4,3 bilhões) com ajuda militar à Ucrânia antes de deixar o cargo, em janeiro de 2025.
Mas, com o tempo se esgotando, a Casa Branca também está reforçando a visão de que a Ucrânia tem as armas necessárias e agora precisa aumentar o efetivo para continuar a lutar contra a Rússia.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Sean Savett, afirmou em um comunicado que a administração continuará enviando armas à Ucrânia, mas acredita que “a força de trabalho é a necessidade mais vital” no momento.
“Então, estamos também prontos para intensificar nossa capacidade de treinamento, se eles tomarem as medidas apropriadas para preencher suas fileiras”, disse Savett.
Os ucranianos afirmaram que precisam de cerca de 160 mil soldados adicionais para atender às suas necessidades no campo de batalha, mas a administração dos EUA acredita que será necessário um número ainda maior.
Mais de 1 milhão de ucranianos estão atualmente servindo nas forças armadas, incluindo a Guarda Nacional e outras unidades.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky tem ouvido preocupações de aliados sobre o fato de a Ucrânia ter um problema de efetivo e não de armas, de acordo com oficiais europeus que pediram anonimato para discutir as conversas diplomáticas sensíveis.
Os aliados europeus enfatizaram que a falta de tropas pode, em breve, se tornar insustentável para a Ucrânia continuar operando na região de fronteira de Kursk, na Rússia. A situação em Kursk se complicou ainda mais com a chegada de milhares de tropas norte-coreanas, que foram ajudar Moscou a tentar recuperar o território tomado por uma incursão ucraniana neste ano.
Redução da idade para recrutamento
A Ucrânia tem tomado medidas para ampliar o recrutamento, mas os esforços têm sido insuficientes frente a um exército russo muito maior, segundo a agência.
Em abril, o parlamento ucraniano aprovou uma série de leis, incluindo uma que reduziu a idade de elegibilidade para o serviço militar de 27 para 25 anos. Essas leis também eliminaram algumas isenções ao serviço militar e criaram um registro online para os recrutas.
Zelensky tem afirmado consistentemente que não tem planos de reduzir a idade de mobilização. Um alto oficial ucraniano, que não estava autorizado a comentar publicamente e conversou com a AP sob condição de anonimato, disse que a Ucrânia não tem equipamento suficiente para acompanhar a escala de seus esforços de mobilização em andamento.
O oficial afirmou que as autoridades ucranianas veem a pressão para reduzir a idade de recrutamento como parte de um esforço de alguns parceiros ocidentais para desviar a atenção de seus próprios atrasos em fornecer equipamentos.
O oficial citou como exemplo o atraso em dar permissão à Ucrânia para usar armas de maior alcance para atingir mais profundamente o território russo. Os ucranianos não veem a redução da idade de recrutamento como uma solução para combater a vantagem da Rússia em equipamentos e armamentos, disse o oficial.
Alguns ucranianos expressaram preocupação de que a redução ainda mais da idade mínima para o recrutamento e a retirada de mais jovens adultos da força de trabalho possa ter um efeito negativo, prejudicando ainda mais a economia devastada pela guerra.
O oficial da administração Biden acrescentou que a administração acredita que a Ucrânia também pode otimizar sua força atual lidando de maneira mais agressiva com os soldados que desertam ou se ausentam sem licença.