Publicada em 25/11/2024 às 10h51
Um acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo extremista libanês Hezbollah pode ser concluído nos próximos dias, mas ainda há pontos a serem ajustados, segundo o embaixador israelense nos Estados Unidos, Michael Herzog. A proposta em discussão prevê a interrupção dos ataques por dois meses e a retirada das forças israelenses da fronteira sul do Líbano. Ainda não há previsão para oficializar o acordo.
Em entrevista à rádio militar de Israel, Herzog disse que "embora ainda haja pontos a serem finalizados, o acordo poderia ser concluído nos próximos dias".
Diplomatas e autoridades afirmam, contudo, que há diversos obstáculos nas negociações para encerrar o conflito, que começou em setembro com bombardeios e uma invasão terrestre de Israel no Líbano. Mais de 3.500 libaneses morreram em decorrência dos ataques. Em Israel, mais de 70 pessoas morreram, incluindo mais de 40 civis e 30 soldados.
A proposta em negociação entre Israel e o Hezbollah prevê, além de um cessar-fogo inicial de dois meses, durante o qual as forças israelenses se retirariam do Líbano, o fim das operações do Hezbollah ao sul do rio Litani. Esse processo seria acompanhado pela chegada de milhares de tropas do exército libanês para patrulhar a área, junto com a força de paz da ONU já presente na região.
Há também a previsão da criação de um comitê internacional para monitorar a implementação do acordo e da Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, aprovada em 2006, que encerrou a guerra entre Israel e Hezbollah naquele ano. A resolução, contudo, nunca foi totalmente implementada.
Entre as divergências que ainda impedem o acordo de ser finalizado, segundo diplomatas ocidentais informaram à agência AP, estão:
O pedido de Israel para que se tenha garantia da remoção de armas do Hezbollah da área de fronteira;
A liberdade do exército israelense de continuar os ataques ao Líbano caso julgue que o grupo extremista viole o acordo de cessar-fogo;
A falta de consenso entre Israel e Líbano sobre a composição do comitê internacional para monitorar a implementação do cessar-fogo. O governo israelense, inicialmente, se opôs à inclusão da França, mas cedeu. Já o governo libanês rejeita a participação do Reino Unido, aliado próximo de Israel.
Segundo a AP, analistas apontam que, enquanto o Hezbollah insiste na proteção da soberania libanesa, Israel reluta em discutir 13 pontos de fronteira disputados no âmbito do acordo.
Há alguns dias, o mediador norte-americano Amos Hochstein sinalizou "avanços significativos" sobre um possível cessar-fogo após conversas em Beirute. Ele também se reuniu com líderes israelenses antes de retornar a Washington.
Um cessar-fogo entre Israel e Hezbollah poderia reduzir as tensões regionais e evitar um confronto direto entre Israel e Irã. Especialistas alertam que, sem um acordo, o conflito pode se expandir para Síria e Iraque, onde Israel já realizou ataques contra grupos aliados ao Irã. A ONU destacou a necessidade de cessar-fogo para evitar que a Síria seja ainda mais envolvida no conflito.
O ministro de Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, por outro lado, defendeu a continuidade da guerra até a "vitória absoluta". Em uma publicação na rede social X, dirigida ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, Ben-Gvir disse: "Ainda dá tempo de impedir este acordo!"
O chefe do Hezbollah, Naim Qassem, disse na semana passada que o grupo revisou a proposta de cessar-fogo mediada pelos EUA e que agora a decisão está nas mãos de Israel.
Apesar do movimento diplomático, os conflitos intensificaram-se: no domingo (24), ataques aéreos israelenses mataram pelo menos 29 pessoas no centro de Beirute, enquanto o Hezbollah, apoiado pelo Irã, lançou cerca de 250 foguetes contra Israel.