Publicada em 09/11/2024 às 10h44
Administrar Porto Velho não é para amadores. Administração pública é bem diferente da privada e exige, além de capacidade técnica, conhecimentos gerais e uma ampla identificação com a política, seja ela econômica, social ou financeira. Não basta querer, tem que saber.
Esses são alguns desafios que o futuro prefeito de Porto Velho, Léo Moraes (Podemos), eleito em segundo turno terá pela frente, após assumir o comando do município a partir de janeiro do próximo ano.
Porto Velho é um município desafiador. Tem 34096,43 km² de área territorial, superior à de alguns Estados e de vários Países. Sua malha rodoviária vicinal é superior a 7 mil quilômetros. Tem mais de uma dezena de distritos, a maioria com infraestrutura populacional, econômica e territorial superiores a inúmeros municípios. Alguns distritos estão a mais de 400km da sede do município, como os localizados na Ponta do Abunã, em direção ao Acre.
Léo Moraes é jovem, 40 anos, mas experiente, pois já foi vereador, deputado estadual e deputado federal. Na administração pública passou pelo Detran-RO, cargo que ele deixou para concorrer à prefeitura. É de família tradicional na política. Seu pai, o saudoso Paulo Moraes foi vereador, presidente da câmara e deputado estadual. A mãe, Sandra foi vereadora em mais de um mandato.
Porto Velho tem alguns problemas crônicos e, o maior deles o saneamento básico. O pouco que existe de infraestrutura no segmento foi obra dos colonizadores, há mais de 100 anos e a ”estação de tratamento”, o Rio Madeira, que banha a cidade. No primeiro mandato do ex-governador Ivo Cassol, o Governo Federal liberou R$ 600 milhões para investimentos no segmento, inclusive com os recursos disponibilizados na Caixa.
Um “iluminado” político na época (foi vereador que assumiu um período a Assembleia Legislativa), questionou o projeto e a liberação dos recursos, com as obras já sendo iniciadas por Cassol, que inclusive manobrou uma escavadeira no cruzamento das avenidas Tiradentes com Chiquilito Erse (Rio Madeira na época). A intervenção do “iluminado” acabou travando a liberação dos recursos e, anos depois foram devolvidos, porque não conseguiram elaborar o projeto.
Uma sugestão seria uma parceria que estava prevista pelo ex-deputado federal Oscar Andrade, que foi candidato a prefeito em 2004 e tinha no Plano de Governo, com uma empresa da área de saneamento básico, que, através de convênio faria 100% de rede de esgoto em Porto Velho. Oscar não se elegeu, mas em Belo Horizonte, o candidato que tinha a mesma parceria que Oscar, venceu e, quatro depois a capital mineira estava com o compromisso cumprido. Pode ser a solução para a capital de Rondônia.
Além da imensa área territorial, Porto /velho também tem distritos enormes e comunidades ribeirinhas. A escolha dos administradores municipais será muito importante para o sucesso da futura administração. Em passado recente, boa parte dos vereadores eram dos distritos, hoje deve estar em torno de 10% da composição do futuro legislativo municipal. Muito pouco, por isso a necessidade de escolha criteriosa dos futuros representes do prefeito nos distritos.
Porto Velho é a única capital brasileira, que não tem um Pronto Socorro (PS) Municipal, por isso o PS João Paulo II está sempre lotado. A capital rondoniense também é campeã em acidentes de trânsito envolvendo motocicletas, outro fator que limita as ações no JP II, porque a maioria dos pacientes apresenta fraturas e traumatismo.
A maior parte dos acidentes ocorre devido à falta de um trânsito mais bem organizado. Os agentes de trânsito “passeiam” bastante dentro dos veículos com ares-condicionados. Quando ocorre panes em semáforos, o trânsito que já é problemático nos horários de maior movimento, fica um caos. E não aparece nenhum “cabeça de tapioca” como são conhecidos os agentes devido ao boné branco para organizar o trânsito.
Os motoqueiros abusam e não respeitam semáforos, placas de sinalização, ultrapassam pela direita e abusam da velocidade. É difícil terminar uma semana sem acidentes com óbitos devido ao abuso, principalmente de os entregadores de mercadorias. Fiscalização, orientação, organização e punição, se for o caso, não existem. Bastava recolher o veículo de quem não respeita as leis de trânsito e colocar agentes, ou mesmo policiais de trânsito em locais estratégicos.
Um convênio com o Estado e a PM como havia entre a prefeitura e Estado amenizaria o problema.
A chuva às vésperas das eleições em segundo turno, quando boa parte da cidade ficou alagada e Léo mostrou isso em vídeos, é um outro grave problema que precisa ser resolvido, mesmo sendo difícil, porque necessita de recursos financeiros elevados e nem sempre disponíveis.
A saúde pública não é um problema somente de Porto Velho, mas do Estado e dos demais municípios. O prefeito-eleito Léo Moraes e sua futura equipe terão muito trabalho para ajustar o segmento, que mais incomoda a maioria de a população, que depende de atendimento eficiente de saúde. É um dos inúmeros desafios da futura administração a melhoria da infraestrutura e do atendimento médico ao povo mais simples, que não tem condições de bancar um Plano de Saúde.
Outro segmento importante para o povo é a educação. Há anos vem sendo comandada por um conhecido e atuante grupo político. As informações são que permanecerão com a nova administração. Como é um setor vital na administração pública e Léo conhece o grupo que domina o setor, resta esperar. Mas é preciso melhorar, principalmente nos distritos e junto à população ribeirinha, realmente são mais complicadas, por isso devem receber atenção diferenciada.
Temos consciência que os problemas são muitos e apontamos alguns. Mas não é possível concluir sem citar a área central de Porto Velho. A Avenida 7 se Setembro tem o comércio prejudicado desde o Prédio do Relógio (prefeitura), início da via, até a Nações Unidas. O lado direito é um corredor de ônibus urbano. À esquerda boa parte é para estacionamento de táxi. Empresas (poucas) que não tem estacionamento próprio fica no prejuízo, porque ninguém vai parar distante, nas ruas transversais, a maioria lotadas.
Outro problema sério que o atual prefeito, Hildon Chaves (PSDB) conseguiu resolver no primeiro mandato, foi a retirada dos camelôs das calçadas da 7 de Setembro para um local específico, onde hoje funciona a rodoviária devido a construção da nova. Mas foi somente por um período e tudo retornou ao que era antes. E os pedestres têm que caminhar perigosamente pela pista de rolamento. A situação se agrava para quem tem dificuldades para caminhar. Um absurdo.
Um Calçadão” como se tem em inúmeras cidades brasileiras seria a solução. Em passado recente, quando os ônibus de coletivo urbano não tinham uma faixa exclusiva, uma vez por mês, aos domingos, a 7 de Setembro era fechada pela manhã, do Prédio do Relógio, que ainda, não era a prefeitura, até a Avenida Marechal Deodoro para comercialização das mais diversas. A iniciativa funcionava bem.
O desafio do prefeito-eleito Léo Moraes e sua equipe é grande. Mas é a oportunidade de realizar uma administração acima da média e garantir mobilidade urbana, saúde e educação eficientes; boas estradas para escoamento das safras da produção rural e já preparar um plano de industrialização, que poderia ser uma indústria de óleo de soja, que é produzida em larga escala no município, já que o segmento bovino de corte é crescente, o mesmo ocorrendo com a produção de leite.
A missão é missão é desafiadora, mas nada que impeça um trabalho positivo nos próximos 4 anos.