Publicada em 18/11/2024 às 11h42
Porto Velho, RO – Após o fechamento das urnas no segundo turno das eleições municipais de Porto Velho em 2024, o cenário que emergiu revelou mais do que a vitória de Léo Moraes (PODE) com 56,18% dos votos (135.118 votos) sobre Mariana Carvalho (União Brasil), que obteve 43,82% (105.406 votos). A análise dos números e da performance dos candidatos derrotados fornece pistas sobre os rumos que cada um pode seguir nas próximas eleições.
Mariana Carvalho
Considerada uma das grandes favoritas do pleito, Mariana Carvalho entrou na disputa cercada pelo apoio de figuras de peso da política estadual, como o governador Marcos Rocha e o atual prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves. Mesmo com 12 partidos em sua coligação e liderando o primeiro turno com 44,53% (111.329 votos), Mariana não conseguiu converter essa vantagem em vitória no segundo turno, ficando atrás de Léo Moraes.
Ainda que derrotada, Mariana demonstrou resiliência política, consolidando uma base de apoio significativa que pode ser um trampolim para futuros voos, especialmente nas eleições de 2026. Sem mandato, ela pode focar suas forças para um retorno à Câmara Federal ou mesmo disputar uma vaga no Senado, embora, neste último caso, uma articulação dentro da própria família Carvalho seja necessária, dado o protagonismo de seu irmão, Maurício Carvalho, no cenário federal.
Célio Lopes
Candidato pelo PDT, Célio Lopes surpreendeu muitos analistas ao se posicionar em terceiro lugar no primeiro turno com 11,74% (29.358 votos). Lopes, um nome relativamente novo no cenário eleitoral, inicialmente subestimado por adversários, conseguiu desbancar Euma Tourinho (MDB). Perdeu, e, no segundo turno ao apoiar Mariana, acabou sendo arrastado de novo para a derrota.
Para Célio, a disputa de 2024 pode ter sido um ensaio bem-sucedido para futuras ambições políticas. O desafio agora é manter-se presente no debate público e evitar o erro comum de desaparecer até o próximo ciclo eleitoral. Se conseguir canalizar o apoio que conquistou, ele pode emergir como uma força significativa nas próximas eleições para a Assembleia Legislativa.
Euma Tourinho
A ex-juíza Euma Tourinho foi uma figura que trouxe intensidade à disputa eleitoral, especialmente no primeiro turno, onde atingiu 9,79% (24.481 votos). Sua campanha foi marcada por um tom incisivo e pela crítica aberta à ausência de Mariana Carvalho em debates importantes, como o realizado pelo CREMERO e pela Rede Amazônica. Contudo, o eleitorado parecia confuso sobre a sua verdadeira orientação política, dada a variedade de alianças que envolviam tanto figuras bolsonaristas quanto lulistas dentro do MDB.
Mesmo não avançando ao segundo turno, Euma pode ter pavimentado o caminho para uma candidatura à Assembleia Legislativa em 2026, desde que consiga alinhar sua imagem com uma proposta política mais clara e coerente para o eleitorado.
Ricardo Frota
O candidato do Novo, Ricardo Frota, encerrou sua campanha com 1,76% (4.389 votos), posicionando-se à frente apenas de Samuel Costa. Frota foi prejudicado pela ausência de seu partido nos debates mais importantes devido à cláusula de barreira. Sua abordagem excessivamente ideológica pode não ser suficiente para mobilizar eleitores em um cenário que está se afastando das polarizações de 2018. Se deseja continuar na política, Frota precisará reavaliar suas estratégias e considerar a possibilidade de migrar para uma legenda com maior penetração.
Samuel Costa
Representando a Rede Sustentabilidade, Samuel Costa encerrou o pleito em último lugar no primeiro turno com apenas 1,34% (3.359 votos). Embora tenha demonstrado habilidades técnicas e uma boa oratória, foi levado a se posicionar em temas polêmicos, como a linguagem neutra, e isso pode ter afastado parte do eleitorado mais conservador. Para Samuel, o desafio é aprender com os erros e recalibrar suas propostas para ressoar melhor com a maioria dos eleitores, que ainda têm pouca familiaridade com questões progressistas.
O resultado das eleições municipais em Porto Velho em 2024 não apenas determinou o próximo prefeito, mas também traçou novas rotas para os principais derrotados. Se Mariana Carvalho, Célio Lopes e Euma Tourinho conseguirem capitalizar suas bases eleitorais e corrigir os erros cometidos nesta eleição, poderão emergir ainda mais fortes nos próximos ciclos eleitorais. Para os demais candidatos, a lição deixada é clara: a política exige não apenas ideologia, mas também uma leitura sensível do que realmente importa para o eleitor.