Publicada em 26/11/2024 às 15h53
O governo de Israel aprovou um acordo de cessar-fogo com o grupo extremista libanês Hezbollah, nesta terça-feira (26). O tratado envolve a retirada de tropas israelenses do Líbano e o fim da troca de ataques. A expectativa é que o acordo entre em vigor já na quarta-feira (27).
Israel e Hezbollah tem um histórico de tensões que remonta a década de 1980. Em outubro do ano passado, o grupo extremista passou a atacar com frequência o norte de Israel em apoio aos terroristas do Hamas. O objetivo era firmar uma oposição em relação à guerra na Faixa de Gaza.
O conflito entre Israel e o Hezbollah se intensificou nos últimos meses, com o aumento da troca de ataques. No fim de setembro, bombardeios passaram a ser frequentes contra Beirute, e os militares israelenses iniciaram uma operação terrestre no sul do Líbano.
O acordo firmado nesta terça-feira foi mediado com a ajuda dos Estados Unidos e propõe uma trégua de pelo menos 60 dias. O governo do Líbano e o Hezbollah concordaram com os termos. Já o Gabinete de Segurança de Israel fez uma reunião para aprovar o tratado.
O acordo tem cinco páginas e é dividido em 13 seções. Confira a seguir os principais pontos:
Pausa na troca de hostilidades
A troca de ataques deve começar cerca de 12 horas após a aprovação oficial do acordo de cessar-fogo. Com isso, é esperado que o tratado entre em vigor a partir de quarta-feira.
Desta forma, as Forças de Defesa de Israel e grupos armados do Líbano vão interromper imediatamente qualquer tipo de operação contra alvos inimigos.
Retirada de tropas de Israel do Líbano
Israel terá 60 dias para retirar todos os militares que estão no sul do Líbano. O governo libanês vinha pressionando para que esta fase fosse concluída antes desse prazo.
Fontes ouvidas pela agência Reuters afirmaram que Israel deve concluir a retirada das tropas em até 30 dias.
Recuo de militantes do Hezbollah na região da fronteira com Israel
Combatentes do Hezbollah deixarão suas posições no sul do Líbano e se moverão em direção ao norte. Em troca, cerca de 5 mil soldados do exército libanês ficarão posicionados na região da fronteira para garantir a segurança no local.
Possibilidade de ataques israelenses em caso de ameaças
Israel recebeu uma garantia de que poderia atacar alvos no Líbano caso ameaças à segurança do país fossem identificadas. Isso inclui a movimentação de armas do Hezbollah.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que ordenará ataques ao Hezbollah se o grupo extremista violar o acordo.
Segundo a agência Reuters, Israel vai usar drones para monitorar movimentos dentro do Líbano. Por outro lado, o governo do Líbano disse que não aprovou nenhuma medida do tipo.
O conflito
O Hezbollah é um grupo muçulmano xiita que surgiu na década de 1980 no contexto da Guerra Civil Libanesa. A palavra "Hezbollah" significa "Partido de Alá" ou "Partido de Deus".
Quando foi fundado, o Hezbollah passou a se opor fortemente à ocupação israelense no sul do Líbano, que teve início no final da década de 1970. Desde então, o grupo mantém o apoio do Irã.
Embora o grupo não tenha uma presença significativa nas áreas sunitas, cristãs e drusas, ele atua como um "Estado paralelo" nas regiões xiitas e tem atuação política.
Desde outubro de 2023, o Hezbollah tem bombardeado o norte de Israel em solidariedade aos terroristas do Hamas e às vítimas da guerra na Faixa de Gaza.
A partir de junho desde ano, as tensões envolvendo Israel e Hezbollah aumentaram. Um comandante do grupo foi morto em um ataque israelense no Líbano, em julho. No mês seguinte, o grupo preparou uma resposta em larga escala contra Israel, que acabou sendo repelida.
Em setembro, líderes israelenses emitiram uma série de avisos sobre o aumento de operações contra o Hezbollah. O gatilho para uma virada no conflito veio após os seguintes pontos:
Nos dias 17 e 18 de setembro, centenas de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah explodiram em uma ação militar coordenada.
A imprensa norte-americana afirmou que os Estados Unidos foram avisados por Israel de que uma operação do tipo seria realizada. Entretanto, o governo israelense não assumiu a autoria.
Após as explosões, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que estava começando "uma nova fase na guerra".
Enquanto isso, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu que levará de volta para casa os moradores do norte do país, na região de fronteira, que precisaram deixar a área por causa dos bombardeios do Hezbollah.
Segundo o governo, esse retorno de moradores ao norte do país só seria possível por meio de uma ação militar.
Em 23 de setembro, Israel bombardeou diversas áreas do Líbano. Cerca de 500 pessoas morreram e centenas ficaram feridas. O dia foi o mais sangrento desde a guerra de 2006.
O líder do Hezbollah foi assassinado durante um bombardeio de Israel em Beirute, no dia 27 de setembro.
No dia 30 de setembro, Israel começou uma operação por terra contra alvos do Hezbollah no Líbano.
O Ministério da Saúde do Líbano informou que 3.823 pessoas morreram no país desde outubro de 2023 por causa de bombardeios israelenses. Outras 15.859 ficaram feridas. Por outro lado, ataques do Hezbollah também provocaram mais de 100 mortes em Israel.