Publicada em 09/11/2024 às 09h50
Porto Velho, RO – Rondônia caminha para uma das eleições mais disputadas ao Senado na próxima corrida eleitoral de 2026. O cenário é composto por um mosaico de lideranças que têm representado diferentes polos de influência no estado, cada uma trazendo consigo alianças e legados que podem definir o rumo da política regional. As pré-candidaturas já lançadas ao vento apontam para uma batalha acirrada, com figuras que misturam popularidade, estratégias partidárias e tentativas de se posicionarem como os melhores interlocutores de Brasília para as demandas do estado.
Marcos Rocha, do União Brasil, reeleito governador e próximo ao ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL, está em um partido que mostrou força nas eleições municipais, sendo a legenda que mais elegeu prefeitos no estado. Essa estrutura partidária poderia, em tese, facilitar seu caminho rumo ao Senado. Rocha mantém um discurso alinhado com as pautas conservadoras e liberais, o que pode lhe garantir o apoio de um eleitorado fiel. No entanto, sua força é mais concentrada na capital, Porto Velho, onde terá de disputar espaço com outros nomes de peso.
Entre esses concorrentes diretos na capital está Hildon Chaves, que deixa a Prefeitura de Porto Velho após dois mandatos e hoje preside a Associação Rondoniense de Municípios (AROM). Embora sua popularidade tenha sido um fator relevante, ele falhou em eleger sua sucessora, Mariana Carvalho, nas recentes eleições municipais. Essa derrota pode impactar suas pretensões, embora sua visibilidade como presidente da AROM possa lhe conferir capital político adicional. Hildon, no entanto, não descarta mudar de rota e, dependendo das condições até 2026, concorrer ao Governo de Rondônia.
Outro nome que surge no cenário é o de Fernando Máximo. Atualmente filiado ao União Brasil, ele é cogitado para migrar ao Podemos, onde teria mais autonomia para buscar o Senado. Preterido dentro de seu partido nas eleições municipais em favor de Mariana Carvalho, que acabou derrotada, Máximo surpreendeu ao declarar apoio ao vitorioso Léo Moraes. Esse movimento pode ter aberto portas estratégicas, fortalecendo sua candidatura em 2026. Contudo, ele também divide a base eleitoral em Porto Velho, um fator que pode beneficiar os adversários que têm maior alcance nas cidades do interior.
Por outro lado, Marcos Rogério, que perdeu a disputa pelo governo estadual em 2022, volta ao jogo atendendo a um pedido direto de Jair Bolsonaro para que dispute o Senado novamente. Rogério é visto como um soldado leal ao bolsonarismo, mantendo um discurso afinado com as pautas defendidas pelo ex-presidente. A insistência de Bolsonaro para que ele concorra ao Senado, de acordo com informações de bastidores, em vez de tentar o Executivo estadual novamente, sugere uma estratégia para manter uma voz fiel no Congresso Nacional, além de preservar a base, e, talvez até aumentá-la, em um momento em que o ex-mandatário do Planalto busca a destituição de Alexandre de Moraes do Surpremo (STF).
Na contramão desse alinhamento à direita, Confúcio Moura se posiciona como o único nome entre os pré-candidatos com um diálogo próximo ao governo Lula, do PT. Em meio ao predomínio do bolsonarismo no estado, ele resiste a ceder à pressão para aderir a pautas mais conservadoras. O ex-governador goza de prestígio em Brasília, sendo um interlocutor importante para a chegada de recursos federais ao estado. No entanto, sua postura de distanciamento em relação ao bolsonarismo pode ser um desafio em uma eleição marcada pela presença majoritária da direita à extrema-direita.
Sílvia Cristina é uma das pré-candidatas mais populares no interior de Rondônia, especialmente por sua atuação na área da saúde, com um histórico de apoio a iniciativas no combate ao câncer. Recentemente aliada ao ex-governador Ivo Cassol, outro nome forte no interior, essa parceria pode ampliar suas chances, dado o carisma que ambos possuem junto ao eleitorado rondoniense. A deputada tem se mostrado uma figura carismática, e sua força em regiões menos urbanizadas pode ser um diferencial em um pleito que promete ser competitivo.
A fragmentação das forças políticas em Porto Velho, com Hildon Chaves, Marcos Rocha e Fernando Máximo dividindo o eleitorado da capital, pode abrir caminho para candidatos com maior influência no interior, como Sílvia Cristina e Confúcio Moura. Além disso, a base bolsonarista ainda será testada, especialmente com Marcos Rogério tentando recuperar terreno perdido desde sua derrota em 2022.
Embora novos nomes possam surgir até 2026, o atual tabuleiro político indica uma disputa acirrada e imprevisível, onde alianças e estratégias partidárias serão determinantes para quem almeja uma das duas cadeiras de Rondônia disponíveis ao Senado. A combinação de lideranças em campo, a influência de Bolsonaro e Lula sobre seus respectivos aliados e as movimentações partidárias de última hora prometem transformar as eleições em Rondônia em um verdadeiro campo de batalha político.