Publicada em 28/11/2024 às 10h48
Porto Velho, RO – O senador Marcos Rogério (PL-RO), durante pronunciamento na tribuna do Senado Federal, expressou críticas contundentes ao indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e às investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF). O discurso, contudo, apresenta argumentos que divergem diretamente das evidências colhidas no inquérito de 884 páginas, assinado por delegados da Polícia Federal.
A investigação aponta, com base em capturas de tela, depoimentos e registros documentais, que militares tramaram a execução de um plano de golpe de Estado, incluindo o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). O documento detalha o planejamento minucioso e a coordenação entre membros do governo e forças armadas, liderados pelo ex-presidente Bolsonaro.
Apesar dessas informações, Marcos Rogério afirmou que “as acusações parecem baseadas mais em conjecturas do que em provas robustas” e questionou: “Onde estão as evidências de que houve uma tentativa de golpe? Golpe de quê? Golpe de narrativa.”
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Relatório da Polícia Federal apresenta provas robustas
O relatório da Polícia Federal, assinado pelos delegados Rodrigo Morais Fernandes, Elias Milhomens de Araújo, Luciana Caires e Fábio Shor, detalha o envolvimento do ex-presidente Bolsonaro e de seus aliados em uma organização criminosa estruturada para abalar o Estado Democrático de Direito. De acordo com o documento, "os elementos de prova obtidos ao longo da investigação demonstram de forma inequívoca que Jair Messias Bolsonaro planejou, atuou e teve o domínio direto dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava concretizar um golpe de Estado".
Entre as evidências apresentadas estão registros de mensagens trocadas entre militares e integrantes do governo, incluindo planos para prender e assassinar autoridades, como o ministro Alexandre de Moraes, além de Lula e Alckmin. As mensagens também detalham o plano operacional denominado "Punhal Verde Amarelo", que previa ações violentas e uso de força armada.
Além disso, o relatório afirma que o ex-presidente participou de reuniões com comandantes militares para pressionar por apoio ao golpe e que, mesmo após a frustração inicial do plano, seus aliados continuaram a planejar ações subversivas.
CONFIRA:
Contraste entre discurso e evidências
Marcos Rogério, em seu discurso, classificou o indiciamento como um "uso político das instituições". Ele argumentou: “Sem Forças, sem armas, não tem tentativa, não tem golpe.” No entanto, o relatório apresenta provas contrárias, indicando a existência de núcleos operacionais preparados para a execução de medidas drásticas, incluindo "a prisão/execução do ministro Alexandre de Moraes e dos integrantes da chapa presidencial eleita".
Ainda, o senador afirmou que "Bolsonaro não deu aval para maluquices", enquanto a Polícia Federal sustenta que "o então presidente da República tinha plena consciência e participação ativa no planejamento e execução dos atos".
Impacto e próximos passos
O discurso do senador reflete a polarização em torno das investigações e indiciamentos relacionados aos atos antidemocráticos que culminaram na invasão da sede dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023. Para a Polícia Federal, "os elementos de prova colhidos corroboram as hipóteses criminais enunciadas na presente investigação, demonstrando autoria e materialidade dos fatos apurados".
O relatório já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal para análise. Enquanto isso, discursos como o de Marcos Rogério reforçam as divisões no debate público, contrastando com as evidências apresentadas pela investigação.