Publicada em 18/11/2024 às 15h46
Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, sugeriu nesta segunda-feira (18) que pretende declarar emergência nacional para promover deportações em massa de imigrantes indocumentados.
Trump também sugeriu que irá usar militares para cumprir promessa de campanha. O republicano, que toma posse em janeiro, fez da repressão a pessoas em condição ilegal no país um elemento central de sua campanha, prometendo inclusive realizar deportações em massa.
Nova declaração foi feita hoje na Truth Social, rede social de Trump. O republicano compartilhou uma publicação do presidente do grupo conservador Judicial Watch, Tom Fitton, na qual ele afirma: "[Trump] está preparado para declarar emergência nacional e usar militares para reverter a invasão promovida por Biden por meio de um programa de deportação em massa'". Na legenda, o republicano escreveu apenas: "Verdade!"
Com vitória de Trump, 11 milhões de imigrantes entram na mira do exército. O republicano prometeu a "maior operação de deportação doméstica na história americana". O objetivo seria expulsar 11 milhões de imigrantes ilegais, estima artigo da revista Time. O método será encurtar os processos de deportação, realizando as expulsões sem a realização de audiências, exigidas por lei atualmente.
Republicano diz que a medida vai melhorar os salários de americanos, mas o resultado pode ser desastroso. A remoção abrupta de milhões de imigrantes provavelmente levaria à instabilidade econômica, particularmente em indústrias fortemente dependentes de mão de obra dos ilegais, como agricultura e turismo.
Para cumprir a promessa, Trump gastaria bilhões de dólares. O custo para deportar um milhão de imigrantes ilegais por ano custaria mais de US$ 88 bilhões (R$ 502,3 bilhões em valores de hoje), totalizando US$ 967,9 bilhões (R$ 5,5 trilhões) ao longo de mais de 10 anos, de acordo com relatório do Conselho Americano de Imigração.
EXÉRCITO CONTRA IMIGRANTES
Trump quer usar o exército para expulsar imigrantes sem documentos. As tropas federais no exterior rumariam para a fronteira sul do país, que dá acesso à América Latina, onde os militares teriam autorização para prender imigrantes.
A intenção é criar uma presença militar sem precedentes na fronteira. A Guarda Nacional e polícia local de estados liderados pelos republicanos reforçariam a vigilância.
Trump também quer construir novos campos de detenção de imigrantes irregulares. A campanha de Trump disse que a medida vai acelerar o processo de expulsão, que também contará com a ajuda dos militares.
Em 2021, os Estados Unidos tinham centros de detenção que abrigavam mais de 20 mil crianças. Em uma reportagem, a BBC descobriu que esses menores enfrentavam baixas temperaturas, doenças, negligência, piolhos e sujeira.
Outra prioridade do presidente eleito é expandir o muro na fronteira com o México. Durante seu primeiro mandato, Trump construiu 804 km na fronteira de 3,1 mil km com o país vizinho. "Nós completaremos o muro da fronteira", diz seu programa de governo, que pretende usar dinheiro militar para levantar a barreira.
PLANO DE DEPORTAÇÃO DE TRUMP DEVE AFETAR BRASILEIROS
Brasileiros ilegais nos Estados Unidos são 230 mil, segundo pesquisa. Um levantamento do Pew Research Center publicado em julho deste ano aponta que 230 mil brasileiros estavam vivendo ilegalmente no país, em 2022. O número inclui um aumento de 30 mil em relação ao ano anterior.
EUA é país com o maior número de migrantes do Brasil. Dados do Ministério das Relações Exteriores apontam que vivem 1,9 milhão de brasileiros no país. O segundo destino mais procurado é Portugal, onde vivem 360 mil, e o Paraguai, com 254 mil imigrantes brasileiros.
Especialista defende que brasileiros estarão seguros nos EUA se mantiverem o status válido. Rodrigo Costa, CEO da Viva América e especialista em imigração, entende que os brasileiros vivendo nos EUA não precisam se preocupar com deportação enquanto puderem provar que exercem o visto que receberam, seja de trabalho ou de estudo. "O grande desafio da imigração é manter seu status válido", complementa.
"Imigrantes não documentados vão sofrer pressão real", diz especialista. Costa indica que estão sob risco aquelas pessoas que estão morando nos Estados Unidos sem documentos. Exemplos são estrangeiros que entraram no país com visto de turista ou de maneira ilegal, mas estabeleceram residência.