Publicada em 12/12/2024 às 08h56
Ocorreu no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Guajará-Mirim, a 2ª Mostra Científica Cultural “Somos todos IFRO-Descendentes”, no dia 30 de novembro. O evento é relacionado ao Dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro.
Segundo o Coordenador do evento, Francisco Gilberto Mendes dos Santos, a 2ª Mostra Científica e Cultural Somos IFRO-Descendentes foi uma ação coordenada e desenvolvida pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) e pelo Observatório das Migrações Internacionais na Fronteira Brasil-Bolívia.
O projeto que teve culminância no último dia de novembro, contou ainda com o apoio logístico da Direção de Ensino, do Departamento de Apoio ao Ensino (DAPE), da Assistência Estudantil (CAED), da Coordenação dos Cursos Técnicos em Biotecnologia e em Informática, bem como do corpo docente. Entre os objetivos estavam atender o que determina a Lei 10693/03, que institui o ensino de história da Cultura Africana nas escolas de ensino fundamental e médio.
A abertura da mostra ocorreu com a formação de mesa de convidados, composta pela Diretora-Geral do Campus Guajará-Mirim, Elaine Oliveira Costa de Carvalho, da representante do Grêmio Estudantil Paulo Freire, Valceanli Kalwanny Ferreira da Silva Said; do representante dos servidores terceirizados, Waldir Campos de Oliveira; da representante do Napne do campus, Claudete Marques Neves; da representante do corpo docente, Roziane da Silva Jordão; e do representante de religião de matriz africana, o Babalorixá Clívison Vieira.
A dinâmica nas ações transcorreu de forma interdisciplinar, com a participação de disciplinas de áreas comuns e técnicas. Como resultado, a participação foi de quase 100% de estudantes do ensino médio. Eles desenvolveram diversas ações: exposição de banners (Projeto de leitura “Eu conto ou você conta”, idealizado pelo Professor Francisco Gilberto Mendes dos Santos; e Projeto de leitura “Pontos fora da curva” que homenageou escritores negros da cidade de Guajará-Mirim, de responsabilidade do Professor Reginilson dos Santos Teixeira).
Mais o Projeto “Pinturas áfricas”; Projeto “Doces Africanos”; Projeto “Jogos Africanos”. Teve ainda Salas Temáticas, que abordaram aspectos geográficos, históricos, sociais e religiosos do continente africano. No que tange à culinária, em ação desenvolvida pelos alunos do 2º ano, teve paçoca de charque feita no pilão, iguaria que em tempos remotos fez parte da alimentação de escravos. E no horário do almoço foi servida uma feijoada compartilhada, ambientada por uma roda de samba, idealizada pela Professora Roziane Jordão com alunos dos 3º anos do Curso Técnico em Informática.
Na parte da tarde, foi a vez da apresentação de poesia condoreira, roda de capoeira e a culminância do projeto “Percussão corporal” de responsabilidade da Professora de Educação Física Claudete Marques das Neves. A 2ª Mostra foi finalizada com um desfile para a escolha de garoto e garota IFRO-Descendente.
Segundo os organizadores, eventos dessa natureza contribuem com o processo de formação da identidade do campus e para o fortalecimento do sentimento de pertencimento. Muitos alunos e boa parte da população guajara-mirense são descendentes de remanescentes afroguaporeanos advindos de regiões quilombolas do Vale do Guaporé, localidade de Rondônia que, por séculos, representou um símbolo da resistência negra.
A Professora Roziane Jordão reforça que a II Mostra Científica e Cultural foi uma iniciativa do Neabi (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas), em parceria com o OBMIFRO (Observatório das Migrações Internacionais nas Fronteiras Brasil-Bolívia). “Um dos principais objetivos do evento é promover o letramento racial no âmbito institucional, além de celebrar a Vida, a Memória, a Cultural e a Consciência Negra. Dentre as múltiplas formas de expressão cultural e científica incluídas na programação, o evento contou com a participação de todo o corpo discente do campus que, orientados pelos professores que compõem o Neabi e o OBMIFRO, organizaram salas temáticas sobre as memórias culturais da ancestralidade afro-brasileira”.
A docente elenca que o evento comportou as apresentação de banners científicos oriundos da culminância dos Projetos “Eu conto ou você conta?”, coordenado pelo Professor de Literatura Afro-Brasileira e Coordenador do Neabi, Francisco Gilberto Mendes dos Santos; e “Escre(Vendo) o Futuro com as próprias mãos”, projeto de redação dissertativa coordenado por ela, líder do OBMIFRO, Roziane.
No total foram servidos aproximadamente quatrocentos pratos de feijoada com acompanhamentos (arroz, farofa, laranja, refrigerante e bombom de amendoim). A escolha da feijoada, servida durante o evento, levou em consideração ser um elemento simbólico da cultura de resistência afro-brasileira.
De acordo com Ranna Grasiele, do terceiro ano do Curso Técnico em Informática, “sob minha ótica, e de acordo com o que aprendemos nas aulas de literatura afro-brasileira, a feijoada, como parte da cultura afro-brasileira, é muito mais do que apenas um prato típico. Ela simboliza a resistência, adaptação e força de um povo que, mesmo diante de opressão e violência, com tentativa de apagar, diminuir a sua história, conseguiu preservar e enriquecer sua cultura. Quando comemoramos a feijoada, estamos celebrando não só a comida, mas também a história e as lutas do povo negro no Brasil, reconhecendo a importância de sua contribuição para a formação da identidade cultural brasileira”.