Publicada em 20/12/2024 às 15h33
O ciclone Chido, que atingiu o território francês de Mayotte, na costa da África, deixou a ilha "devastada", segundo Renato Torres, brasileiro que mora no local há cinco anos. Pelo menos 31 morreram e 1,3 mil ficaram feridos. Autoridades da ilha, no entanto, alertam que o número total de mortes pode chegar a centenas, talvez milhares.
Segundo Renato, o apartamento onde ele mora está intacto. Porém outras residências no prédio sofreram danos. Ele relata que há muitos locais do arquipelágo sem luz, água e sinal de internet, o que dificulta a troca de informações. Veja o vídeo acima.
"O ciclone destruiu toda a ilha, meu bairro foi destruído. Sabemos que o governo francês está mandando ajuda militar, e contamos os dias para que o aeroporto possa ser reconstruído, para que possamos ir embora o quanto antes", diz.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirma que "está em contato com brasileiros que se encontram em Mayotte e lhes presta assistência consular". Leia a nota completa ao final da reportagem.
O ciclone Chido registrou rajadas superiores a 220 km/h e foi o mais intenso a atingir a costa leste da África em mais de 90 anos, de acordo com o instituto meteorológico francês.
Fome e destruição
"As pessoas começaram a ter fome. O número oficial de mortos é muito baixo em relação à realidade, porque 95% da população é muçulmana e nas práticas culturais religiosas eles enterram as pessoas em menos de 24 horas. Nos lugares mais destruídos pelo ciclone, eles enterraram muito rapidamente. Nós vimos pessoas queimando corpos", diz Torres, que é natural de Caxias do Sul, na Serra do RS.
Ele conta que tinha passagem para voltar ao Brasil marcada para 26 de dezembro, mas agora não tem expectativa de viajar antes de janeiro. O arquipélago, formado por duas ilhas, está também sem ligação por balsas. "Os aviões chegam na ilha menor, mas têm dificuldade de chegar na ilha maior, o que complica a chegada de ajuda", explica.