Publicada em 28/12/2024 às 11h01
Quando o ex-presidente da França, Charles de Gaulle, há décadas, teria dito que “o Brasil não é um País sério”, não mentiu. Um país onde quem rouba, estupra e mata é “preso” e recebe todo tipo de auxílio para sustentar suas famílias, mesmo tendo destruído as de outros, tem direito a quatro refeições diárias (café da manhã, almoço, café da tarde, jantar e um desjejum), todas acompanhadas por nutricionistas remunerados pelo povo, principalmente o simples, o assalariado, porque os descontos de impostos, taxas, etc. são compulsórios. Mas ele tem que trabalhar diariamente para garantir o sustento da família.
O Brasil é um país totalmente dependente do sistema rodoviário. Quase a totalidade do abastecimento de alimentos, por exemplo, é feito pelas rodovias, nem sempre em condições plenas de tráfego, com um custo absurdo, porque carretas, bitrens e treminhões são movidos pelo combustível fóssil, o diesel.
Mesmo a economia brasileira sendo alicerçada pelo transporte rodoviário, porque sem ele o país para, numa região como a Amazônia, onde tudo – ou quase tudo – depende das rodovias, um grupo de deslumbrados “ecologistas de selva de pedra”, que nunca fez nada em favor do povo amazonense, só usufrui, não da densa floresta, mas do minério de ferro, bauxita, manganês, cobre, níquel, cromo, cassiterita, zinco e zirconita entre os metálicos, além de caulim, calcário, ouro, diamante, cassiterita e do lítio do nosso riquíssimo subsolo.
Caso os caminhoneiros resolvessem parar durante um mês, certamente o Brasil ficaria em situação econômica, financeira e social igual ou pior que na Venezuela, que já foi um dos países mais ricos do mundo e, hoje, o povo vive na miséria para sustentar um sistema ditatorial, onde muitos, mas muitos mesmo, mendigam para sustentar uma minoria de privilegiados.
Não estamos longe disso.
Mesmo sendo dependente das rodovias para se manter em pé, o Brasil se dá ao luxo de abrir mão de uma das suas mais importantes BRs, a 319, única ligação terrestre de Manaus com o restante do país, via Rondônia. Com cerca de 900 km, construída na década de 70, possibilitou o surgimento da maioria dos estados amazônicos, graças aos mineiros, paulistas, paranaenses, gaúchos, catarinenses e nordestinos. Hoje, o chamado “Meião” (que se estende do km 177,8 até o km 655,7) está quase intransitável, porque estamos no período de inverno amazônico (chuvas durante meses), além da pressão das ONGs, que prejudicam toda e qualquer ação com o intuito de restaurar e repavimentar o Meião, para que Manaus, uma capital com mais de 2 milhões de habitantes, possa ter o abastecimento de alimentos garantido.
Além da 319, Manaus, como a maioria dos estados do Amazonas, depende da navegação, porque a região é cortada por rios. Ocorre que este ano, devido à seca prolongada, que deixou o Rio Madeira praticamente inavegável, com nível abaixo de um metro, a navegação diurna foi limitada e as barcaças e navios operaram com cargas mínimas. Além disso, a navegação noturna foi suspensa durante meses, gerando muitas horas a mais no percurso Manaus-Porto Velho. Foi um período muito difícil.
Outro problema gerado pelo abandono da BR 319 é o transporte de combustível. O diesel e a gasolina de Rondônia e Acre, por exemplo, vêm da usina de Manaus. Esses estados enfrentaram problemas este ano. Não ocorreu desabastecimento, mas os preços da gasolina e do diesel aumentaram e, curiosamente, também os do etanol, que vem do Mato Grosso e não depende da navegação. Tudo isso devido à longa estiagem.
Outro problema sério gerado com a seca deste ano foi o desabastecimento da população ribeirinha ao longo do Rio Madeira. Cerca de 15 mil pessoas enfrentaram problemas com os poços e ficaram sem água potável devido à seca. Sem água e com escassez de alimentos, os ribeirinhos tiveram muitas dificuldades. Com a 319 em precárias condições de tráfego, mesmo no verão, porque o objetivo das ONGs é fechá-la e não repavimentá-la, os ribeirinhos sofreram muito com a situação.
A BR 319 (Porto Velho/Manaus) deve ser não somente reasfaltada, mas adequada à realidade da Amazônia brasileira. O senador Confúcio Moura (MDB-RO), que já foi governador de Rondônia em dois mandatos seguidos, prefeito de Ariquemes em três oportunidades e deputado federal, sugeriu, com muito conhecimento de causa, que a 319 seja transformada em uma Estrada Parque.
Não há dúvida de que a proposta é das mais significativas. A estrada poderia ser uma das grandes atrações turísticas da Amazônia, desde que a 319 seja recuperada e readequada, garantindo acessibilidade ao povo ribeirinho, o transporte de alimentos para Manaus, mesmo em períodos de seca com a navegação limitada, e aberta ao transporte de cargas somente de segunda a sexta-feira. Sábados e domingos seriam reservados para veículos de passeio, incrementando o turismo organizado e cultural no meio da Amazônia.
Nossas autoridades, que constantemente estão impedindo ou liberando a restauração da 319, como se fosse uma sanfona – ora aberta, ora fechada –, devem se conscientizar de que é necessário que natureza e humano convivam harmonicamente. Hoje, seria possível abandonar o computador e voltar a usar a máquina de escrever? Que a comunicação seja limitada a cartas e telegramas?
O mundo atual exige que tudo seja muito rápido. Os tempos em que pessoas com 45 anos eram consideradas “idosas” já passaram. A realidade é bem diferente, e não há como abrir mão da tecnologia, inclusive na Amazônia, onde até o clima é diferente, com somente duas estações: verão (seca durante meses, quando pouco chove) e inverno (chuvas fortes e praticamente diárias durante meses).
A Amazônia é dos brasileiros, não das ONGs internacionais. A “selva” existente na Europa e nos Estados Unidos são os reflorestamentos, porque não existem mais árvores nativas.