Publicada em 19/12/2024 às 14h54
Carlinhos Brown, de 62 anos anos, saiu em defesa de Claudia Leitte, de 44, após a cantora ser criticada por alterar, durante um show, o nome de um orixá por uma referência cristã na letra da música 'Caranguejo'. O evento ocorreu no último sábado (14), no Candyall Guetho Square, em Salvador, reaberto recentemente pelo próprio Brown como parte das comemorações pelos 40 anos da Axé Music.
Durante sua apresentação, Claudia substituiu o verso original da música 'Saudando a rainha Iemanjá' por 'Eu canto ao meu Rei Yeshua', em referência ao nome hebraico de Jesus nas tradições cristãs. Desde que se converteu ao evangelismo em 2014, a artista tem adotado essas alterações em suas performances.
A mudança gerou uma onda de críticas nas redes sociais, com acusações de racismo religioso e desrespeito às religiões de matrizes africanas. Pedro Tourinho, secretário de Cultura e Turismo de Salvador, foi um dos que se manifestaram. Em suas redes sociais, Tourinho destacou que "quando um artista se diz parte do movimento, saúda o povo negro e sua cultura, mas decide reescrever a história e retirar o nome dos Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo". A publicação recebeu apoio de artistas como Ivete Sangalo, que reagiu com um enfático "Sim!" acompanhado de emojis de palmas.
Apesar das críticas, Brown adotou uma postura de defesa em relação à colega. Em entrevista, o músico afirmou que "Claudia Leitte não é uma pessoa racista" e que a interpretação da mudança deveria ser feita com mais compreensão. Ele lembrou que, nas tradições de matriz africana, Yeshua pode ser associado a Oxalá, que, segundo o candomblé, é o marido de Iemanjá.
"Essa ideia de que Jesus não está próximo de nós é equivocada. Você não entra em um terreiro que não tenha uma imagem do Sagrado Coração de Jesus. Então, não vamos nos envolver com aqueles que querem destruir isso", declarou, pedindo para que a questão fosse despolitizada.
Brown também destacou que, embora respeite o ponto de vista dos críticos, considera que as escolhas artísticas de Claudia são de responsabilidade pessoal dela. "Se ela mudou a letra, a responsabilidade é dela como artista. Mas imaginar que ela é uma pessoa racista, isso é um grande engano", concluiu.