Publicada em 31/12/2024 às 09h44
Porto Velho, RO – Porto Velho viveu uma verdadeira batalha jurídica e administrativa em torno da inauguração do Terminal Rodoviário Destemidos Pioneiros. A história, repleta de reviravoltas e decisões conflitantes, mais pareceu um jogo de truco em que o prefeito Hildon Chaves, mesmo diante de “zap” alheio, conseguiu virar a partida na última rodada.
A saga começou em 16 de dezembro de 2024, quando o Tribunal de Contas do Estado de Rondônia (TCE-RO) proibiu a inauguração prevista para 20 de dezembro. A decisão, assinada pelo conselheiro Valdivino Crispim, apontava pendências graves na obra, como sistemas de climatização e combate a incêndio inoperantes, além de uma subestação de energia incompleta. Multas milionárias foram anunciadas como forma de coibir qualquer tentativa de descumprimento.
No dia 29 de dezembro, uma nova decisão do TCE reiterou a suspensão, reforçando que a obra não atendia à legislação municipal. Na manhã do dia 30, a Justiça entrou no jogo. O juiz Johnny Gustavo Clemes, da 2ª Vara de Fazenda Pública, acatou pedido de liminar para barrar a inauguração, ressaltando os riscos à segurança pública e a ausência de licenças essenciais. O pedido teve como autor o ex-deputado estadual Jesuíno Boabaid, que entrou com uma ação popular alegando irregularidades no planejamento e na execução do evento. Foi um momento de “seis” contra Hildon.
Rodoviária foi inaugurada na última segunda-feira, 30 / Reprodução
Mas o prefeito tinha cartas na manga. Às 17h do mesmo dia, o desembargador plantonista Daniel Ribeiro Lagos, em resposta a um agravo interposto pela defesa municipal, autorizou a inauguração. A decisão destacou que, embora houvesse pendências, elas não comprometiam a segurança estrutural. Para Lagos, o terminal provisório, ameaçado por alagamentos iminentes, justificava a urgência na transferência das operações. Na metáfora do jogo, Hildon cravou um “nove” e tomou a rodada.
Às 20h, sob clima de vitória e com a presença de autoridades, a nova rodoviária foi inaugurada. O Terminal Destemidos Pioneiros começava a operar, marcando o encerramento de uma gestão pautada por controvérsias, mas que deixou sua maior obra como legado. A cerimônia, embora tensa, simbolizou o xeque-mate de Hildon sobre as instâncias fiscalizatórias.
A analogia com o truco não poderia ser mais precisa. Em um jogo de alta tensão, o prefeito desafiou regras, apostou alto e virou a partida no último minuto. Assim, encerra-se um capítulo emblemático da gestão, deixando para o próximo prefeito, Léo Moraes, a responsabilidade de ajustar as pendências.
No balanço final, Hildon Chaves demonstrou que, no tabuleiro político e administrativo, saber quando gritar “truco” pode ser decisivo — e, neste caso, suficiente para carimbar seu nome na história de Porto Velho.