Publicada em 15/01/2025 às 10h35
Os termos do acordo para o cessar-fogo em Gaza e a libertação de reféns, que Israel e Hamas pretendem assinar, são os mesmos que foram propostos pelo governo Biden e estavam desde maio sobre a mesa de negociações.
O que muda agora é o timing — a posse do presidente dos EUA, na próxima segunda-feira — e a eficácia da pressão que Donald Trump exerceu sobre o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
O futuro presidente despachou para Doha, no Catar, Steven Witkoff, seu enviado para o Oriente Médio, com o objetivo de destravar o impasse para um cessar-fogo e forçar o premiê a ceder às exigências que ele alegava serem intransponíveis junto aos representantes de Joe Biden: primeiro, a perseguição da vitória total sobre o Hamas; depois, a manutenção das tropas israelenses no Corredor Filadélfia, uma zona-tampão entre a Faixa de Gaza e o Egito.
Empresário do ramo imobiliário da Flórida e sem experiência no campo diplomático, Witkoff está habituado a resultados rápidos. Convocou Netanyahu para uma reunião no sábado, dia de descanso para os judeus, em Jerusalém, e depois voltou para Doha.
Na semana passada, Trump ameaçou o Hamas, prometendo que o grupo terrorista conheceria o inferno se os reféns não fossem libertados até o dia 20.
Enquanto isso, Biden corria por fora, acelerando as negociações, para demarcar o seu legado no Oriente Médio, antes de deixar o cargo. O presidente americano antecipou a iminência de um acordo, como fez, sem sucesso, em outras ocasiões:
“Estamos prestes a concretizar a proposta que apresentei em detalhes meses atrás. Com muitos anos de vida pública, aprendi a nunca, nunca desistir.”
Num gesto raro, tanto Biden como Trump enviaram seus representantes às negociações para a trégua e devolução dos reféns mantidos pelo Hamas há 467 dias. Ambos tentarão levar o crédito caso o acordo se concretize e imagens do retorno dos primeiros reféns a Israel sejam divulgadas antes de segunda-feira.