Publicada em 04/01/2025 às 10h19
Os prefeitos e vereadores reeleitos e eleitos em Rondônia, assim como nos demais municípios do país, assumiram seus cargos no primeiro dia do ano. Como sempre ocorre nessas ocasiões, são feitos agradecimentos (nem sempre a todos) aos que estão deixando os cargos e renovam-se as esperanças para aqueles que estão chegando ou permanecendo. É a política em sua essência.
Rondônia tem 52 municípios, a maioria celebrando aniversário hoje, como é o caso de sua capital, Porto Velho. Este momento é de grande importância, pois, diferente dos demais, o prefeito Léo Moraes (Podemos) assumiu a prefeitura sem ter eleito nenhum dos 23 vereadores (até a legislatura anterior eram 21) alinhados com ele. Todos os vereadores pertencem à coligação da adversária derrotada, Mariana Carvalho (União).
Não há dúvidas de que o prefeito Léo enfrenta uma das missões mais desafiadoras. O Orçamento de 2025 foi elaborado pelo ex-prefeito Hildon Chaves (PSDB), que administrou o município por dois mandatos consecutivos (oito anos) e deixou um bom legado de serviços prestados. Neste primeiro ano de governo, Léo e sua equipe precisarão se adequar ao orçamento já estabelecido.
Para colocar em prática o que planejou, será necessário o apoio do Parlamento Mirim, uma tarefa que será hercúlea, já que, a princípio, todos os vereadores são adversários. Contudo, na política, o radicalismo não leva a lugar algum. A expectativa é de uma parceria produtiva, sem conivência, com os vereadores.
Léo é um político jovem, mas experiente. Além de sua atuação como vereador da capital, também foi deputado estadual e federal. Seu pai, o saudoso Paulo Moraes, foi vereador, presidente da Câmara, deputado estadual, diretor do Detran-RO e secretário de Estado. Sua mãe, Sandra Moraes, também foi vereadora e presidente do Legislativo municipal. Bagagem política familiar não falta ao prefeito Léo.
O novo presidente da Câmara Municipal de Porto Velho é Gedeão Negreiros (PSDB), um político inexperiente, mas de família tradicional na política local. Ele foi eleito explorando bem o sobrenome da família (Negreiros), já que seu irmão, o experiente vereador Edwilson, estava inelegível. A militância de Edwilson foi fundamental para a escolha de Gedeão como presidente da Mesa Diretora para os próximos dois anos.
O relacionamento do prefeito (especialmente do chefe de gabinete) com os vereadores será um ponto fundamental para o sucesso da administração. Para que o mandato seja eficiente e atenda às necessidades da maioria da população, é essencial uma sintonia entre Executivo e Legislativo.
O vereador é o fiscal do povo. Todos os atos do Executivo passam pelo Legislativo, incluindo a elaboração de leis, projetos, indicações e proposições. É na prática da política, com negociações e parcerias, que se atende aos interesses da maioria da população, e não de grupos privilegiados. Isso é política.
Ser parceiro na política não significa ser conivente, submisso ou "capacho". Tudo o que for de interesse da maioria deve ser discutido, analisado e, se for o caso, aprovado. Ou rejeitado.
Caso Léo Moraes e sua equipe não consigam administrar com eficiência e acabem frustrando os 135.118 (56,18%) eleitores que o escolheram no segundo turno, grande parte da responsabilidade será dos vereadores, que devem legislar com rigor, mas sem radicalismo. Vale lembrar que os "nobres pares" podem até afastar o prefeito ou cassá-lo em caso de atos graves.
Porto Velho é um município muito desafiador de se administrar. Conta com mais de uma dezena de distritos, alguns com estrutura de municípios e distantes até 300 km da sede. São mais de 7 mil quilômetros de estradas vicinais, e grande parte da cidade, incluindo a área central, enfrenta um fornecimento de água potável intermitente, com abastecimento dia sim, dia não.
O saneamento básico é quase inexistente, com menos de 5% da área central atendida. Ainda se utiliza, em muitos casos, o Rio Madeira como "estação de tratamento". Seria sensato que Léo e sua equipe, mesmo administrando com o orçamento projetado pela gestão anterior, já começassem a elaborar o Orçamento de 2026, priorizando o saneamento básico.
Outro grave problema é a mobilidade urbana, um tema presente no plano de governo de Léo quando disputou as eleições municipais há mais de oito anos, contra Hildon Chaves. Andar pelo centro da capital é uma tarefa difícil devido às calçadas irregulares ou inexistentes e à presença de camelôs, que transformam o local em um mercado ambulante, obrigando pedestres a caminhar na pista de rolamento.
A esperança é que Léo e os demais prefeitos de Rondônia realizem administrações coerentes, voltadas para atender às reais necessidades da população. Que a corrupção permaneça apenas como um adjetivo, como ocorreu com Hildon Chaves, pois o povo precisa de ações positivas e alinhadas com a realidade de cada município.