Publicada em 13/01/2025 às 10h06
Senhor Prefeito, o esporte, em sua essência, é mais do que competições e medalhas. Ele é uma ponte para a educação, a saúde e a cidadania. Para que essa ponte seja sólida, é essencial que aqueles que a constroem conheçam bem o terreno. No entanto, muitas vezes, aqueles que têm o conhecimento técnico e prático, os que vivem o esporte diariamente, são esquecidos.
Aqui, é preciso lembrar as palavras de Bertolt Brecht: "Primeiro levaram os negros, mas não me importei com isso porque eu não era negro. Em seguida, levaram os operários, mas não me importei porque eu não era operário. Depois, levaram os intelectuais, mas não me importei porque eu não era intelectual. Por fim, levaram-me, e já não havia ninguém para protestar." O descaso com as vozes que conhecem o esporte é como pisar as flores no jardim — destrói-se o que poderia embelezar e fortalecer a sociedade.
A metáfora do jardim é clara: um solo fértil, bem cuidado, dá bons frutos. Mas, quando se coloca no comando jardineiros que desconhecem a terra ou que não se comprometem com o cultivo, o jardim murcha. A escolha para liderar o esporte não pode ser fruto de conveniências políticas, mas da competência e da paixão de quem entende as necessidades do setor. O desportista comprometido, que dialoga com federações, clubes e associações, tem em suas mãos as ferramentas para transformar o potencial em resultados concretos.
Padre Antônio Vieira, em suas pregações, nos ensina a usar a palavra para despertar consciências: "Assim como os olhos não podem ver sem luz, o entendimento não pode entender sem razão." É preciso que a razão guie as escolhas públicas, ouvindo os principais interessados no desenvolvimento esportivo. Esses líderes — presidentes de clubes, dirigentes de associações e outros atores do esporte — possuem o conhecimento para captar recursos e criar projetos de impacto.
Por fim, Senhor Prefeito, o diálogo deve ser a base de qualquer ação. Convide os protagonistas do esporte de rendimento em Porto Velho para discutir o futuro. Ouça suas ideias, aproveite seu conhecimento, e construa uma gestão que reflita os anseios e necessidades reais da comunidade esportiva. Assim, não apenas evitaremos erros do passado, mas cultivaremos um jardim onde o esporte floresça e frutifique para todos.
Jefferson Ryan Ferreira da Silva de Sena é xadrezista e professor.