Publicada em 30/01/2025 às 11h31
Porto Velho, RO – O senador Marcos Rogério (PL) deixou claro que pretende disputar novamente o Governo de Rondônia em 2026, conforme revelado na coluna Falando Sério, assinada por Herbert Lins.
No entanto, a conjuntura política e eleitoral do estado indica que sua candidatura pode encontrar dificuldades, especialmente diante do enfraquecimento da onda bolsonarista e do surgimento de nomes menos ideologizados no campo da direita local.
Em 2022, Marcos Rogério enfrentou uma derrota significativa. No primeiro turno, obteve 37,5% dos votos, ficando atrás do governador reeleito Marcos Rocha (União Brasil), que somou 38,9%. No segundo turno, o revés foi ainda maior: Rocha alcançou 52,4%, consolidando sua permanência no Palácio Rio Madeira. A derrota não foi apenas um reflexo da força de Rocha, mas também do esgotamento do discurso de extrema polarização, uma estratégia que perdeu fôlego desde então.
Na análise de Lins, publicada recentemente, Rogério já articula alianças para 2026 e tenta consolidar uma frente robusta dentro do PL. "O senador Marcos Rogério afirmou categoricamente que disputará o Governo de Rondônia e que a legenda bolsonarista está de portas abertas ao ex-prefeito Hildon Chaves e ao deputado federal Fernando Máximo para ambos disputarem as duas vagas ao Senado pela legenda liberal", destacou o jornalista.
O problema é que, se em 2022 Rogério ainda surfava na popularidade de Jair Bolsonaro, agora o cenário é outro. O bolsonarismo fervoroso se dissipou, e nomes menos ideologizados vão ganhando espaço. Exemplo disso são as movimentações do ex-prefeito de Porto Velho Hildon Chaves (PSDB), do deputado federal Fernando Máximo (União Brasil) e do atual vice-governador Sérgio Gonçalves (União Brasil), todos cotados para protagonizar a corrida pelo Palácio Rio Madeira. Diferente de Rogério, esses nomes possuem um apelo mais pragmático e administrativista, o que pode seduzir uma fatia maior do eleitorado, especialmente considerando o histórico de votação em Rondônia.
Outro fator que demonstra a perda de força do discurso de monopauta é a derrota de Mariana Carvalho (União Brasil) na eleição municipal de 2024 em Porto Velho. Mesmo com amplo apoio político e tendo Bolsonaro como cabo eleitoral, Mariana foi superada por Léo Moraes (Podemos), que conquistou a prefeitura virando no segundo turno. O episódio evidenciou que, no atual contexto, o eleitorado rondoniense busca algo além de alinhamento ideológico, privilegiando nomes que consigam dialogar com diferentes setores da sociedade.
Rogério, porém, parece não ter captado essa mudança. Sua insistência em se apresentar como um dos maiores arquirrivais da esquerda no Congresso Nacional pode tornar sua candidatura pouco atrativa para um eleitorado que, embora conservador, também quer respostas práticas para problemas do estado. A insistência no embate ideológico pode acabar isolando sua candidatura e abrindo espaço para adversários mais palatáveis.
Ainda assim, a dinâmica política é volátil. Como diria Sobral Pinto, "política é como nuvem: você olha e está de um jeito; olha de novo... e já mudou". Marcos Rogério pode estar apostando que a polarização ainda tem espaço para prosperar até 2026. A questão é saber se essa estratégia será suficiente para superar um eleitorado que dá sinais de que busca um caminho diferente daquele trilhado nas últimas eleições.