Publicada em 06/01/2025 às 14h22
A Polícia Civil em Rondônia apura possível esquema envolvendo venda de passagens aéreas. A acusada de liderar a suposta fraude já foi denunciada em pelo menos seis ocorrências. A acusada é Bárbara. Recentemente ela residia na zona Sul de Porto Velho, mas mudou-se para João Pessoa (PB), uma das capitais do turismo brasileiro. Em João Pessoa, a acusada esconde o endereço a sete chaves. Mesmo morando em João Pessoa, fornece como seu endereço uma casa abandonada na capital rondoniense.
De acordo com as vítimas, Bárbara não age sozinha. A maioria das vítimas chegou a Bárbara por indicação de uma conhecida dançarina que residia em Porto Velho. Ela recebia comissão para indicar clientes para Bárbara. Morando em João Pessoa, Bárbara tem um motorista de aplicativo que empresta a máquina para as vítimas passarem o cartão em Porto Velho. O motorista de aplicativo alega que foi usado na fraude e também registrou ocorrência contra Bárbara. Em meio às conversas, Bárbara passa a usar a conta de terceiros para receber as transferências.
Ainda conforme relatos nas ocorrências, para persuadir as vítimas, Bárbara diz ter um irmão médico e um advogado. A lista de argumentos é gigantesca. E quando é cobrada pelas vítimas, diz sofrer de depressão e até ameaça se matar. Dezenas de áudios e conversas em aplicativos de mensagens mostrados pelas vítimas comprovam que Bárbara joga a culpa da não emissão das passagens em outras “clientes”. Bárbara até teve uma de suas contas cancelada devido às contestações das vítimas.
Para dar veracidade aos golpes, acusada encaminha para as vítimas uma lista de supostos passageiros que ela emitiu bilhetes. Uma das denunciantes relata que fora procurada nas redes sociais por outras vítimas. Há indícios de que a acusada até emitiu alguns bilhetes de ida para algumas viajantes, mas não emitiu a volta, deixando as vítimas desamparadas.
A gravidade parece ser bem maior do que se imagina. Há brasileiras que viajaram para fora do país e não conseguem retornar. Bárbara afronta até a polícia e a Justiça. Para uma das vítimas, em conversa de aplicativo, a acusada afirma que não adianta denunciá-la, pois ela é pessoa física, não tem nada no nome e dificilmente irão encontrá-la.
Os relatos da matéria são baseados em ocorrências nas quais as vítimas comprovaram pagamentos para Bárbara, apresentaram extratos bancários e conversas e áudios. Duas vítimas com as quais a reportagem teve contato, o prejuízo foi superior a R$ 15 mil.
Como funciona o golpe
Por indicações de pessoas que teriam viajado como apoio de Bárbara, as vitimas são induzidas a iniciar as conversas com a acusada. Bárbara promete emitir as passagens, compradas, segundo ela, por milhagens. De posse das transferências das vítimas, Bárbara inicia uma incansável sessão de desculpas. A cada contato, uma nova desculpa e ainda pede mais dinheiro. Quando as vítimas ligam, Bárbara atende, chora, relata uma série de dificuldades, até para comprar comida.
A Polícia Civil já iniciou as investigações. Uma das vítimas será ouvida pela polícia nesta terça-feira, na Unisp no bairro Floresta. A partir daí, a polícia terá ainda mais detalhes sobre as acusações.