Publicada em 16/01/2025 às 16h23
Uma parceria entre o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Porto Velho Calama, e o Departamento Estadual de Trânsito de Rondônia (Detran-RO), vem promovendo inclusão em estágio supervisionado. Aline Pereira dos Santos, estudante do segundo período do Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS), que é deficiente visual total, está realizando estágio supervisionado desde o dia 10 de dezembro no Detran, cumprindo uma etapa de exercício da formação prática do curso.
A inclusão escolar de alunos com deficiências é um processo educacional que busca garantir que todos os estudantes, independentemente de suas condições físicas, sensoriais, cognitivas ou emocionais, tenham acesso à educação de qualidade em escolas regulares. O conceito se baseia no princípio de que a diversidade deve ser reconhecida e respeitada, e que todos os alunos, incluindo os com deficiência, têm o direito de aprender juntos em um ambiente escolar que promova a igualdade de oportunidades.
Nessa semana, o Analista de Suporte do Detran, Márcio José de Melo Barroso, que é Supervisor de Estágio e tem acompanhado o desenvolvimento de Aline naquele órgão, veio conhecer as instalações do campus, onde recebeu orientações sobre o atendimento que é oferecido aos alunos no processo de inclusão, sendo recepcionado pela Assistente de Alunos Elaine Márcia Souza Rosa, que conduziu a reunião, e pela Coordenadora do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (Napne), Lívia Catarina Matoso dos Santos Teles.
Na oportunidade, a pedagoga Lívia Catarina se colocou à disposição para orientar no que se fizer necessário para que a estudante realize um processo exitoso em seu estágio profissional. Ela explicou que a inclusão não é apenas uma questão de integrar fisicamente o aluno com deficiência na sala de aula, mas envolve adaptar os métodos pedagógicos, as estratégias de ensino e os recursos disponíveis para atender às necessidades de cada aluno.
Isso envolve adaptações curriculares; formação de educadores com estratégias de ensino diferenciadas; recursos pedagógicos específicos como tecnologias assistivas; materiais didáticos adaptados; intérpretes de libras, entre outros; ambiente escolar acessível e atitude inclusiva dentro da escola, com uma cultura de respeito à diversidade e promoção da empatia, essenciais para um ambiente realmente inclusivo.
Junto com a equipe do Napne, Márcio Barroso participou de uma visita guiada ao campus, e pôde conhecer a Sala de Recurso Multifuncional, a Diretoria de Ensino, o Departamento de Pesquisa e a Direção-Geral. Segundo Márcio, essa é a primeira oportunidade que o Detran tem em receber uma estagiária com deficiência visual e disse que “estamos aqui buscando aprendizado e melhores práticas para fazer com que a Aline tenha um bom aproveitamento também em relação à parte profissional do Detran, e é um desafio para a equipe e para todos nós”.
Ele cita que a experiência é gratificante “porque a Aline tem muitas habilidades, é muito inteligente, ela é quietinha, gente boa, e a gente tem uma responsabilidade muito grande em relação a isso. Então vamos nos preparar melhor e esse foi o motivo de virmos ao IFRO, para ver como preparar melhor o ambiente para que a Aline possa expandir o potencial que ela tem. Tenho certeza de que ela vai conseguir entrar na área de Informática – Análise de Sistemas e vai conseguir desenvolver alguns sistemas ali. Tenho certeza de que vamos ver futuramente um belo sistema”, frisou o Analista.
Ademir Rodrigues do Nascimento Barroso, motorista do Detran, que acompanhou Aline e o Supervisor Márcio em visita ao Campus Calama, disse que é lotado na Coordenação de Tecnologia da Informação (CTI) do Detran há doze anos e tiveram o prazer de receber a estagiária naquele setor. “Na realidade é uma luz para nós e temos muito a aprender. Ela é muito inteligente e vai se desenvolver rápido, tenho certeza disso. Tem muita capacidade e foi bem orientada aqui no IFRO”, disse.
Aline Pereira dos Santos diz que está gostando muito da experiência que está tendo. “Comecei agora recente e estou aprendendo, trabalhando no estágio e estou achando muito legal. Tenho muitas expectativas de que vai me ajudar muito no meu Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas”, enfatiza.
No Campus Calama ela é acompanhada pela bolsista do Napne, Nilcilene Nascimento da Silva, que tem como função o apoio aos alunos com necessidades educacionais específicas. Ela acompanha Aline nas aulas de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e disse que acha “muito importante essa oportunidade que ela está tendo, que vai desenvolver seu conhecimento como acadêmica, vai ser muito importante para ela e a experiência que a gente tem é a de aprender com ela também. É uma coisa muito nova trabalhar com a deficiência visual. E, para mim, por exemplo, que é a primeira vez que eu trabalho nessa área, o que eu espero é, a cada dia, aprender mais e mais com ela, porque ela só tem a nos ensinar”, afirmou.
Para a Diretora de Ensino do Campus Calama, Sheylla Chediak, “estamos satisfeitos em receber hoje o servidor e supervisor de estágio do Detran Márcio José Melo Barroso, que acompanha nossa estudante Aline”. Segundo ela, “essa parceria entre o IFRO e o mundo do trabalho fortalece a educação profissional inclusiva, consolidando o caminho que acreditamos ser primordial para uma formação profissional sólida e a construção de uma sociedade mais justa e equitativa”.
O Diretor-Geral substituto do Campus Calama, Willians de Paula Pereira, que também é Chefe do Departamento de Pesquisa (Depesp), disse que “a experiência do estágio, principalmente com esse desafio da inclusão, é importante e benéfica para ambos os lados. Para o Detran, os desafios que estão por vir nessa palavrinha da inclusão e, também, para a nossa instituição, que cada vez mais tem adotado a política da inclusão e mostrado para a sociedade a importância de que essas pessoas estejam ocupando os diversos espaços de trabalho e que essas pessoas tenham ‘lugar de fala’. Tanto para o Detran, quanto para o IFRO, é muito benéfico”, concluiu.
A inclusão escolar é um direito garantido por legislações internacionais e nacionais, como a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da ONU (Organização das Nações Unidas), e a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015). São todos instrumentos legais assegurando que alunos com deficiência não sejam discriminados e tenham acesso a uma educação favorável ao seu desenvolvimento integral.