Publicada em 03/01/2025 às 15h47
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Ji-Paraná, está apresentando os resultados obtidos pelo projeto Central de Vagas em Creches. A ação é fruto de um acordo de cooperação entre o IFRO, o Tribunal de Contas de Rondônia (TCE-RO) e a Defensoria Pública de Rondônia (DPE-RO).
No projeto, foi desenvolvido um sistema para a gestão de vagas em creches, com o objetivo de auxiliar os municípios de Rondônia a se adequarem à Nota Técnica nº 7 do Gabinete de Articulação para Efetividade da Política da Educação em Rondônia (Gaepe-RO). O sistema já está em uso em nove cidades de Rondônia, como Ji-Paraná, Vilhena, Ouro Preto, Cerejeiras, Corumbiara, Cujubim, Governador Jorge Teixeira, São Felipe d'Oeste e São Miguel do Guaporé, sendo considerado um produto de sucesso, explica o Professor Jackson Henrique.
O sistema vem sendo desenvolvido há mais de um ano e meio, e o acordo de cooperação foi renovado no último mês de dezembro por mais dois anos, garantindo a continuidade do financiamento por parte do TCE e da DPE. O link do portal web de consulta à fila, agendamentos e outros é o: https://centraldevagas.tcero.tc.br/portal.
Parceria
O produto tecnológico para gestão de vagas nas creches destinado às secretarias de educação e unidades escolares dos municípios de Rondônia foi desenvolvido pelo IFRO em parceria com o TCE, e lançado no dia 12 de dezembro de 2023. Segundo o Professor Jackson, na ocasião foi feita a apresentação da versão inicial em ambiente de homologação.
“Desde então, essa versão foi aprimorada e finalizada, culminando na instalação da versão oficial de produção em julho de 2024 no município de Ouro Preto do Oeste, onde foi implementada como projeto-piloto. Após o sucesso obtido em Ouro Preto do Oeste, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) deu início ao processo de implantação do sistema em outros municípios. Ao todo, 12 municípios já receberam treinamento, e, atualmente, nove deles estão utilizando o sistema. O primeiro município a adotar o sistema após Ouro Preto foi Ji-Paraná”, explica o docente.
A cada ciclo de tempo é elaborado e executado um plano de trabalho com as atividades previstas. Ao IFRO, inicialmente coube a seleção e a gestão da equipe de desenvolvimento, atividades de análise, projeto, programação e teste do sistema desenvolvido dentro do time de desenvolvimento.
“Neste mês de dezembro, o acordo de cooperação entre o Instituto Federal de Rondônia (IFRO), o TCE e a Defensoria Pública do Estado (DPE) foi renovado por mais dois anos, com vigência a partir de março de 2025. A renovação prevê a expansão do sistema para mais municípios em Rondônia e outros estados, como Ceará e Mato Grosso, que já demonstraram interesse em adotar a solução. O suporte ao sistema continua sendo realizado pela equipe de desenvolvimento”, ressalta Jackson Henrique.
A parceria entre as duas instituições foi firmada no início de 2023, através de um acordo de cooperação, em que o IFRO coopera com a gestão da equipe e parceria, além da seleção de alunos através de edital e o TCE fornece as informações sobre o produto a ser desenvolvido e custeia o pagamento de bolsas mensais no valor de R$ 3.000,00 para cada aluno desenvolvedor. O projeto foi desenvolvido por quatro alunos, todos egressos do Curso Técnico em Informática e atualmente discentes do Curso Superior em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS) do IFRO Campus Ji-Paraná. A coordenação da equipe de desenvolvimento é feita pelos Professores Jackson Henrique e Clayton Ferraz.
Wallyson Machado de Lima, 20 anos, atua como desenvolvedor front-end na equipe. Ele conta que é natural de Ji-Paraná (RO), concluiu o Curso Técnico em Informática no próprio Campus Ji-Paraná em 2022 e agora cursa Análise e Desenvolvimento de Sistemas na mesma instituição.
Ter feito esse percurso reforçou sua decisão de seguir na área de tecnologia e o possibilitou colocar em prática os conhecimentos adquiridos ao longo do curso, tendo aprendizados com o trabalho coletivo. “Participar do projeto Central de Vagas em Creches foi extremamente enriquecedor, tanto no plano individual quanto no coletivo. Desde o início, nos deparamos com desafios que nos obrigaram a usar, na prática, todo o conhecimento adquirido ao longo do curso técnico, da graduação e de outras vivências. Logo na concepção do software, percebemos que seria fundamental conciliarmos complexidade e facilidade de uso, resultando em um sistema moderno e intuitivo para que pessoas de todas as idades conseguissem utiliza-lo. Ter a oportunidade de encarar cada obstáculo em conjunto, bem como de conhecer novos meios de desenvolvimento, gerou um ambiente de crescimento notável. As contribuições individuais se somaram, culminando em uma realização coletiva de alto nível, que combinou dedicação e competência”.
Wallyson ainda mostra que “trabalhar ao lado de Ádrian Henrique Ferreira, Danilo Saiter da Silva, Gabriel Rodrigues Antunes e Jackson Henrique da Silva Bezerra foi uma experiência excepcional, que elevou significativamente minhas habilidades e deu um grande impulso à carreira de todos”. E acrescenta que “ter participado da criação desse sistema nos exigiu desempenho técnico e responsabilidade, visto que lidamos com informações sensíveis e demandas urgentes. Por outro lado, a satisfação de saber que se está facilitando o acesso à educação e ao cuidado infantil para tantas famílias, sobretudo as mais carentes, traz um sentimento de realização inestimável. Essa experiência reforça a importância de buscarmos soluções que ampliem oportunidades, garantindo que a comunidade seja genuinamente beneficiada pelos serviços que lhe são de direito”.
Sobre o sistema, junto com os demais companheiros de equipe explica que a “função principal das creches consiste em dar suporte a mães e pais que não podem cuidar dos filhos em tempo integral. No entanto, a falta de informação, combinada à indisponibilidade de vagas e à pouca transparência nos processos de matrícula, torna esse serviço extremamente concorrido e inacessível para muitas famílias em situações de vulnerabilidade, como a de mães solteiras, jovens em gravidez precoce ou pessoas em contexto de violência familiar, intensificam a urgência de uma seleção justa para esses espaços”.
Do nível médio à graduação
O IFRO oferta educação verticalizada, de modo que o estudante inicia no ensino técnico e pode avançar para o ensino superior. E este também foi o caso de Ádrian Henrique Ferreira, 21 anos, natural de Machadinho do Oeste (RO). “Concluí o Curso Técnico em Informática no IFRO Campus Ji-Paraná em 2021 e, atualmente, estou cursando Análise e Desenvolvimento de Sistemas na mesma instituição. Atuo como desenvolvedor back-end na equipe do Central de Vagas”.
No projeto, ele ingressou quando já cursava o ensino superior, “o que me ajudou a reforçar minha escolha pela área de tecnologia e, principalmente, a colocar em prática todo o conhecimento adquirido na graduação. Trabalhar em equipe foi um grande desafio no início, pois cada integrante tinha métodos e perspectivas diferentes. No entanto, depois que nos entrosamos, o trabalho fluiu de forma muito mais harmônica e os resultados apareceram com mais facilidade. Para o futuro, pretendo continuar expandindo minhas habilidades e aplicando-as em projetos com impacto social, contribuindo cada vez mais com a comunidade. Gostaria, ainda, de expressar meus agradecimentos aos professores João Teixeira, Jackson Henrique e Clayton Ferraz, que foram fundamentais ao longo desse processo, oferecendo suporte, orientação e incentivo para que eu seguisse em frente e pudesse alcançar meus objetivos”.
Ele diz ter aproveitado a oportunidade de integrar o projeto para seu desenvolvimento pessoal e de contribuição para a equipe. “Essa experiência alavancou a carreira de todos nós, pois pudemos vivenciar e empregar ferramentas e linguagens robustas, amplamente utilizadas no mercado. Além disso, tivemos a oportunidade de superar desafios em conjunto, construindo um software moderno e completo, mas de uso simples. Tudo isso só foi possível graças à dedicação de uma equipe apaixonada pelo que faz, aliada à experiência prévia de cada integrante”, expressa Ádrian.
O estudante fala que “construir este software se revelou um desafio valioso, pois testou todo o conhecimento adquirido durante o curso técnico, na graduação e em outros projetos, exigindo a entrega de um produto totalmente funcional. Um dos maiores obstáculos foi a criação do algoritmo de fila, que, embora inicialmente funcional, precisava de melhorias. Com a chegada de novos membros na equipe, foi possível realizar uma refatoração mais robusta, deixando-o muito mais eficiente. No início, eu era o único desenvolvedor back-end da equipe. Contudo, por meio de metodologias ágeis e de uma boa distribuição de tarefas, conseguimos manter a manutenção e a evolução do sistema até a chegada de novos integrantes, o que reforçou ainda mais a qualidade do projeto”.
Também ressaltando a parceria e colaboração com colegas e docente, diz que a ferramenta de acesso às creches é fundamental para muitas famílias em situação de vulnerabilidade. “Para mim, participar do desenvolvimento dessa solução é extremamente gratificante, pois contribui para melhorar a realidade de inúmeras famílias no meu estado natal. Ao mesmo tempo, é também uma enorme responsabilidade: estamos lidando com demandas delicadas, que exigem confiabilidade e eficácia para garantir que as vagas sejam destinadas àqueles que mais necessitam. Saber que meu trabalho possibilita um processo de matrícula mais justo, evitando que pais percam uma vaga mesmo chegando de madrugada, me enche de orgulho e reforça meu compromisso em sempre buscar soluções que ampliem o acesso à educação e ao cuidado infantil”.
Encerrada a participação do Campus Vilhena na etapa inicial do projeto, uma nova seleção foi realizada ainda em dezembro de 2023, com o projeto tendo dois desenvolvedores contratados: Danilo Saiter da Silva e Gabriel Rodrigues Antunes.
Concluído o técnico integrado ao ensino médio, atualmente Danilo é acadêmico do sexto período do Tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistemas também no IFRO Campus Ji-Paraná. Conforme o aluno, “durante minha trajetória, participei de outros projetos que me ajudaram a desenvolver habilidades na área de tecnologia. No início de 2024, tive a oportunidade de integrar a equipe de desenvolvimento deste projeto, e isso tem sido uma experiência incrível. Além de aplicar na prática tudo o que venho aprendendo na graduação, o projeto reforçou minha vontade de trabalhar com soluções tecnológicas que realmente impactem a sociedade. No futuro, pretendo continuar desenvolvendo sistemas que unam tecnologia e impacto social, e essa experiência tem sido fundamental para isso”.
Danilo reforça que a participação no projeto tem sido muito positiva. “Foi uma oportunidade incrível de aprender e aplicar conhecimentos na prática, enquanto trabalhava em algo que faz diferença para tantas famílias. Participei ativamente no desenvolvimento e ainda participo na melhoria do sistema, sempre buscando entregar um trabalho de qualidade e alinhado às regras da Nota Técnica do GAEPE. Além disso, foi muito gratificante colaborar em equipe e ver o impacto real do nosso esforço”.
E demonstra ser uma experiência que exige grande responsabilidade. “Saber que nosso trabalho ajuda a organizar algo tão importante quanto o acesso às creches nos municípios do estado me motiva a fazer o melhor. A cada etapa do desenvolvimento, penso no quanto isso vai facilitar a vida das mães e dos pais, trazendo mais justiça e transparência. É muito bom saber que estou contribuindo para algo que realmente tem impacto na sociedade”, completa.
Gabriel Rodrigues Antunes, 19 anos, natural de Ji-Paraná (RO), também fez o percurso formativo iniciado com o Curso Técnico em Informática no IFRO Campus Ji-Paraná (concluído no ano de 2023). Atualmente, atua como desenvolvedor full-stack na equipe do Central de Vagas.
Sobre o amadurecimento para toda a equipe, afirma que “com esse projeto, tivemos a oportunidade de vivenciar novas experiências e superar obstáculos tanto na parte técnica, com ferramentas e linguagens de programação, quanto em todo o ciclo de desenvolvimento de um software moderno. Estar em conjunto com pessoas que também gostam e que trabalham na área contribuiu para que todos pudessem compartilhar conhecimentos e viver experiências práticas”.
“A priori, o objetivo do Central de Vagas é ser um sistema completo, porém de fácil uso para qualquer pessoa. Sendo assim, construí-lo foi um desafio para testar, na prática, meu repertório teórico e acadêmico de forma a tentar, ao máximo, refinar o produto final. Contribuir para a implementação de fundamentalidades do sistema — como o algoritmo de ordenação da fila de espera com base em grupos preferenciais ou a integração ao login do gov.br — foi motivo de grande realização pessoal e profissional e rendeu aprendizados úteis para projetos futuros. Ademais, em uma equipe de quatro desenvolvedores, colocamos todos os nossos esforços para garantir o cumprimento de todas as demandas com qualidade e em tempo hábil. Para isso, utilizamos metodologias ágeis e distribuição de tarefas, o que rendeu a todos nós experiências de trabalho em equipe. Para mim, trabalhar em conjunto com Professor Jackson Henrique da Silva Bezerra, Ádrian Henrique Ferreira, Danilo Saiter da Silva e Wallyson Machado de Lima contribuiu de forma extremamente positiva para minhas vivências como um desenvolvedor de software”.
Gabriel afirma que é muito grato por toda a parceria dos colegas. “Sinto grande orgulho em auxiliar na humanização desse processo, bem como em deixá-lo mais eficiente e justo para amparar aqueles que mais necessitam”, comenta.