Publicada em 06/01/2025 às 16h21
Porto Velho, RO – A vereadora Sofia Andrade, do Partido Liberal (PL), trouxe à tona a primeira contenda ideológica na gestão de Leonardo Barreto de Moraes (Podemos), prefeito recém-empossado de Porto Velho. Por meio do Ofício nº 05/2025/GVSA, protocolado no início de janeiro, Sofia solicitou a separação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema) da Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Semagric). A fusão das duas pastas foi aprovada como parte da reforma administrativa promovida pela nova gestão.
A proposta de unificação, sancionada por Léo Moraes, consolidou as áreas sob a gestão única da Secretaria Municipal de Agricultura, Meio Ambiente e Sustentabilidade, comandada por Vinícius Miguel. Apesar de ter sido amplamente aprovada na Câmara Municipal — com apenas um voto contrário, do vereador Adriano Gomes (PRTB) —, a reforma agora enfrenta resistência de Sofia Andrade, conhecida por sua postura ideológica alinhada ao bolsonarismo.
A decisão de Sofia Andrade soa como um "nariz torcido" ao nome de Vinícius Miguel, escolhido para liderar a secretaria unificada. Miguel, que ocupou posição semelhante na gestão do ex-prefeito Hildon Chaves (PSDB), é visto como uma figura progressista, distante dos interesses conservadores que frequentemente associam a pauta agrícola ao agronegócio e à expansão territorial.
Para Sofia, o agronegócio é uma bandeira central que não deve ser gerida por alguém identificado como progressista. "A fusão compromete as demandas específicas de cada setor. Precisamos de gestores que entendam as prioridades da agricultura e do meio ambiente de maneira separada", afirmou a vereadora em outras oportunidades. A reivindicação reflete uma tentativa de assegurar que os interesses do setor agrícola sejam liderados por uma visão mais alinhada à direita.
A postura de Sofia Andrade não surpreende aqueles que acompanham sua atuação desde o início do mandato. Logo após sua posse, a vereadora publicou um vídeo nas redes sociais denunciando as condições precárias de seu gabinete, marcando um início de mandato com confrontos e declarações contundentes. A separação das secretarias, portanto, pode ser interpretada como mais um movimento estratégico para consolidar sua influência e desafiar decisões da gestão de Léo Moraes.
Ao mesmo tempo, sua solicitação é juridicamente embasada. Sofia menciona no ofício a vacatio legis de 90 dias prevista na reforma administrativa, o que possibilitaria a revisão da fusão antes de sua efetivação definitiva. Para a vereadora, a revisão não é apenas uma questão administrativa, mas sim uma medida necessária para atender aos anseios do setor produtivo local.
Com a escolha de Vinícius Miguel para liderar a nova secretaria, a administração Léo Moraes demonstra um tom mais conciliador, tentando equilibrar pautas de desenvolvimento sustentável e agrícolas. No entanto, esse equilíbrio parece incomodar Sofia Andrade, que vê na presença de Miguel uma ameaça aos valores conservadores que representa.
Ao solicitar a separação das pastas, Sofia sinaliza que pretende defender com vigor os interesses de sua base política, mesmo que isso implique confrontar o prefeito, com quem teoricamente compartilha espaço político.
A movimentação de Sofia Andrade marca um início de mandato turbulento para Léo Moraes, que precisa agora lidar com a oposição ideológica vinda de sua própria base aliada. A resposta do prefeito à solicitação da vereadora será um indicativo de como sua gestão lidará com pressões internas e externas.
Enquanto isso, a tensão política em torno da administração das secretarias coloca em evidência o embate entre visões de mundo distintas: de um lado, a ala progressista representada por Vinícius Miguel, e, do outro, a veia conservadora de Sofia Andrade, determinada a evitar que pautas estratégicas para o agronegócio sejam deliberadas por uma liderança que considera inadequada.
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