![Liga Árabe alerta que plano de Trump para Gaza “inflamaria” Oriente Médio](/uploads/zc8frfmrdmxn4wg.jpg)
Publicada em 12/02/2025 às 09h06
O plano do presidente dos EUA, Donald Trump, de assumir Gaza e reassentar palestinos, ameaçará o acordo de cessar-fogo no território e alimentará a instabilidade regional, afirmaram autoridades árabes de alto escalão nesta quarta-feira (12).
O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, alertou a Cúpula Mundial do Governo em Dubai que se Trump seguisse adiante com seu plano, ele levaria o Oriente Médio a um novo ciclo de crises com um “efeito prejudicial à paz e à estabilidade”.
O presidente dos EUA enfureceu o mundo árabe ao declarar inesperadamente que os governo americano assumiria Gaza, reassentaria a população palestina de mais de dois milhões de pessoas e a desenvolveria na “Riviera do Oriente Médio”.
“Se a situação explodir militarmente mais uma vez, todo esse esforço (de cessar-fogo) será desperdiçado”, declarou Gheit.
Jasem al-Budaiwi, que lidera a aliança política e econômica do Conselho de Cooperação do Golfo, rico em petróleo, pediu a Trump que se lembrasse dos fortes laços entre a região e Washington.
“Tem que haver concessões mútuas, ele diz a opinião dele e o mundo árabe devem dizer a própria; o que ele está dizendo não será aceito pelo mundo árabe.”
O líder americano disse que os palestinos em Gaza, poderiam se estabelecer em países como a Jordânia, que já tem uma enorme população palestina, e o Egito, o estado mais populoso do mundo árabe. Ambos rejeitaram a proposta.
Para a Jordânia, a conversa de Trump sobre reassentamento chega perto de seu pesadelo de uma expulsão em massa de palestinos de Gaza e da Cisjordânia, com a ideia de que o país se torne um lar palestino alternativo há muito promovido por israelenses ultranacionalistas.
O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, vê isso em parte como uma questão de segurança.
Ele acredita que islâmicos como o Hamas são uma ameaça existencial para o Egito e além, e não daria as boas-vindas a nenhum membro do grupo cruzando a fronteira e se estabelecendo no país.
O Egito sediará uma cúpula árabe de emergência em 27 de fevereiro para discutir desenvolvimentos “sérios” para os palestinos.
O plano de Trump derrubou décadas de política dos Estados Unidos que endossavam uma solução de dois Estados na qual Israel e um Estado Palestino coexistiriam.
Até agora, 16 dos 33 reféns tomados por militantes do Hamas de Israel foram libertados como parte da primeira fase do acordo de cessar-fogo, que deve durar 42 dias.
Cinco reféns tailandeses também foram soltos em uma libertação não programada.
Em troca, Israel libertou centenas de prisioneiros e detidos palestinos, incluindo alguns cumprindo penas perpétuas por ataques mortais e outros detidos durante a guerra e mantidos sem acusação.