
Publicada em 28/02/2025 às 16h11
Porto Velho, RO – A concessão da BR-364, arrematada pelo consórcio liderado pela 4UM Investimentos, antiga J. Malucelli, com apoio do banco Opportunity, gerou reações divergentes entre os senadores de Rondônia. Durante o leilão realizado na sede da B3, em São Paulo, o ministro dos Transportes, Renan Filho, comemorou a concessão e enfatizou o impacto positivo do projeto. "Eu vou bater o martelo dessa vez aqui comemorando o leilão da BR-364 no estado de Rondônia. Muito obrigado e boa tarde a todos", declarou.
O senador Marcos Rogério (PL) contestou a viabilidade do modelo adotado, criticando os valores das tarifas de pedágio e a falta de investimentos significativos antes do início da cobrança. "Ministro, para Rondônia não dá para comemorar. Aliás, não tem o que comemorar. Comemorar um dos pedágios mais caros do mundo não dá. Comemorar o fato desse pedágio impactar o preço dos alimentos, dos medicamentos, o custo de quem sai da sua cidade para estudar em outra, não dá para comemorar", afirmou. O parlamentar também questionou a quantidade de obras previstas no contrato e indicou que pretende buscar alternativas para modificar os termos da concessão. "Poucas obras, poucas melhorias e um dos pedágios mais caros do Brasil. Isso nós não aceitamos e vamos continuar lutando para derrubar essa decisão. O martelo foi batido, mas espero que essa não seja a decisão final."
Por outro lado, o senador Confúcio Moura (MDB) acompanhou o leilão em São Paulo e expressou uma visão distinta sobre o projeto. Sem entrar no mérito das tarifas, o parlamentar destacou que o tempo e a necessidade de infraestrutura tendem a unificar as opiniões sobre a concessão. "É muito importante registrar minha presença como senador nesse evento grandioso para Rondônia. Não vou nem falar em pontos a favor, nem em pontos contrários. No final das contas, todos serão a favor. Hoje pode ter divergências, o que é natural. Mas no decorrer do tempo, nós vamos esquecer essas divergências e já pensar em outros investimentos de futuro", declarou.
Em suas redes sociais, Confúcio reforçou o otimismo sobre o impacto da concessão, afirmando que a duplicação da rodovia é um passo fundamental para a segurança viária e o crescimento econômico do estado. "A BR-364 é uma artéria vital para o nosso estado, e a sua duplicação é essencial para garantir um trânsito mais seguro e eficiente. Vamos juntos transformar essa rodovia em um símbolo de progresso e segurança!", escreveu em publicação acompanhada das hashtags #BR364 e #Infraestrutura.
Concessão prevê R$ 10 bilhões em investimentos
A concessão da BR-364 abrange cerca de 700 quilômetros entre Porto Velho e Vilhena e faz parte de um plano nacional de privatização de rodovias federais. O contrato, com duração de 30 anos, prevê um investimento total de R$ 10 bilhões, sendo R$ 6,35 bilhões destinados a obras de duplicação e melhorias e R$ 3,88 bilhões para manutenção e operação da via. Segundo o governo federal, o projeto poderá gerar mais de 92 mil empregos diretos e indiretos ao longo do período.
No entanto, a proposta tem sido alvo de críticas, principalmente pela cobrança de pedágios antes do início efetivo das obras. O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Rondônia (CREA-RO) protocolou uma denúncia ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Tribunal de Contas da União (TCU) pedindo a anulação do leilão, alegando que o projeto original previa a duplicação de toda a rodovia, enquanto o plano atual contempla apenas 120 quilômetros entre Presidente Médici e Jaru.
A BR-364 é considerada um dos principais corredores logísticos para o escoamento de grãos e outros produtos da região Norte, conectando o oeste de Mato Grosso a Rondônia e ao Acre. Além disso, a rodovia faz parte do pacote de concessões do governo federal, que prevê a privatização de 15 estradas em 2024.
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