Publicada em 08/02/2025 às 10h33
A única ligação terrestre de Manaus, capital do Amazonas, metrópole com mais de 2 milhões de habitantes, é a BR-319, construída na década de 1970. Sem a BR-319, o povo manauara e o de Roraima – estado que tem apenas o Amazonas como ligação com as demais regiões do Brasil – ficam dependentes da aviação, de custo elevado, e da navegação, de custo mais baixo, mas limitada a condições climáticas, como a seca prolongada de 2024 e as constantes enchentes que ocorreram em anos anteriores.
Manaus, uma das mais importantes capitais brasileiras, não pode ficar sem uma ligação rodoviária. A BR-319, que possui um trecho de 400 km dos seus pouco mais de 900 km (Porto Velho-Manaus) comprometido durante o período do inverno amazônico (chuvas intensas por meses, como agora), é fundamental. A cidade é um dos principais polos industriais do país, com destaque para a fabricação de motocicletas, que são distribuídas para outros estados e exportadas para diversos países.
A capital amazonense conta com um dos mais movimentados aeroportos do mundo. É rota de inúmeros voos internacionais e abriga a Zona Franca de Manaus, um dos mais significativos polos industriais do Brasil. A cidade depende de vias eficientes de escoamento, principalmente do transporte rodoviário, que é o principal meio de transporte do país.
Assim como a população de Manaus, os ribeirinhos que vivem ao longo do Rio Madeira – que conecta Porto Velho à capital amazonense e transporta mais de 10 mil pessoas – dependem da navegação para sobreviver. Durante a seca prolongada de 2024, a maioria dos rios secou, assim como os poços artesianos das comunidades ribeirinhas ao longo do Madeira, comprometendo a navegação. O transporte noturno foi suspenso por meses, enquanto o diurno ficou restrito a cargas mínimas, dobrando o tempo de viagem, que já era de aproximadamente quatro dias.
Foram meses de sufoco, pois a BR-319 estava com trechos intransitáveis. Manaus enfrentou problemas de abastecimento de alimentos, assim como os ribeirinhos, que ficaram sem acesso a água potável. Porto Velho, um dos principais fornecedores de alimentos para Manaus, incluindo o peixe tambaqui, também foi impactado economicamente.
Mesmo diante da crise econômica e social causada pela seca de 2024, organizações não governamentais (ONGs) nacionais e internacionais continuam se opondo à repavimentação e preservação da BR-319. Essas entidades contam com o apoio da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que defende permanentemente as ONGs, que, por sua vez, tentam a todo custo impedir a recuperação da estrada.
É importante destacar que, na Europa, praticamente não existem florestas nativas. O que há de áreas verdes é resultado de reflorestamento.
O governo Lula da Silva, por meio do Ministério dos Transportes, destacou um grupo de trabalho para analisar a situação da BR-319. Após meses de estudo em 2024, o relatório final concluiu que há viabilidade para intervenções no chamado "Trecho do Meio", que vai da ponte sobre o Rio Jordão até o entroncamento com a BR-230 (do km 250 ao km 655,7). Também foram sugeridas intervenções na Linha C-1, que inclui a travessia do Rio Tupana (do km 177,8 ao km 250). A BR-319 liga Manaus, capital do Amazonas, a Porto Velho, em Rondônia, sendo a principal ligação terrestre desses estados com o restante do país.
Sobre a BR-319, após receber o relatório, o presidente Lula foi direto ao ponto: “O mundo que compra o nosso alimento está exigindo que a gente preserve a Amazônia. E por quê? Porque eles querem que a gente cuide do ar que eles respiram. Eles não preservaram as terras deles no século passado, quando houve a Revolução Industrial.”
O presidente também afirmou que o governo pretende utilizar a Amazônia, “não como um santuário da humanidade, mas como patrimônio soberano do Brasil”, e que busca explorar a biodiversidade da região de maneira sustentável para garantir que povos indígenas, ribeirinhos, seringueiros e extrativistas possam viver dignamente e obter renda por meio da preservação ambiental.
A repavimentação e adequação da BR-319, ligando Porto Velho a Manaus, é uma necessidade imperativa. O Brasil não pode continuar atendendo interesses de ONGs nacionais e internacionais, que todos sabem que existem, mas cujo real propósito permanece desconhecido. Essas entidades frequentemente interferem em assuntos que dizem respeito apenas ao povo e ao governo brasileiros. O mais preocupante, no entanto, é ver uma ministra, Marina Silva, que nasceu no Acre, atuar contra os interesses de seu próprio povo.
Uma solução viável pode estar na proposta do senador Confúcio Moura (MDB), que sugere transformar a BR-319 em uma Estrada Parque, como já existe em outros países. Dessa forma, a população poderia conviver harmoniosamente com a natureza, ao invés de ser incentivada a rejeitá-la.
A ideia prevê que a estrada seja aberta ao transporte de cargas de segunda a sexta-feira, com limites de peso, e liberada para uso turístico e público geral aos finais de semana.
A recuperação e adequação da BR-319 fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), na categoria “Transporte Eficiente e Sustentável” do Governo Federal. O programa também contempla a BR-364, que liga Rondônia ao Acre e ao Mato Grosso, e cuja licitação para duplicação e terceirização está prevista para este mês. Rondônia está entre os maiores produtores de grãos do Brasil (soja, milho e café), além de possuir um dos cinco maiores rebanhos bovinos do país. Por isso, precisa de melhores condições de transporte para garantir o escoamento da produção.
Da mesma forma que a duplicação da BR-364 facilitará a exportação de grãos e carne bovina, a revitalização da BR-319 será fundamental para Manaus. Isso permitirá um escoamento mais eficiente da produção industrial da Área de Livre Comércio para os demais estados, via transporte rodoviário, especialmente em situações climáticas adversas, como a seca de 2024 e as enchentes previstas para este ano.
Foto: Divulgação/Movimento BR-319