![Saiu no UOL: Rondônia no centro da estratégia bolsonarista por anistia no 8 de Janeiro](/uploads/lj7v41g3tsh5p5f.jpg)
Publicada em 12/02/2025 às 15h15
Porto Velho, RO – Segundo o portal UOL, parlamentares bolsonaristas têm adotado uma estratégia para humanizar os presos condenados pelos atos de 8 de Janeiro, com o objetivo de angariar apoio popular para a anistia. No centro dessa tática está Vanessa Vieira, esposa de um dos detentos e natural de Rondônia, que compareceu ao Congresso Nacional acompanhada de seus seis filhos. A família foi destaque em uma entrevista coletiva convocada pela oposição, onde Vanessa emocionou-se ao relatar as dificuldades enfrentadas desde a prisão do marido.
Vanessa afirmou que seu marido, Ezequiel Ferreira Luis, foi condenado a 14 anos de prisão sem, segundo ela, provas concretas como vídeos, fotos ou testes de DNA. Ezequiel foi condenado por depredar o Palácio do Planalto, com a sentença judicial destacando que ele entrou no local com uso de violência. A condenação inclui crimes como associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável.
Durante a entrevista, Vanessa chorou ao afirmar que foi "condenada a criar os filhos sozinha" e que as crianças "crescerão sem o pai". Ela mencionou especificamente o bebê de dez meses, que, segundo ela, nunca conheceu o "colo do pai". A estratégia de expor a família ao público foi reforçada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que compartilhou um vídeo de Vanessa alimentando os filhos, com imagens cuidadosamente captadas para destacar o momento em que ela dava de comer ao bebê.
Bolsonaro, no entanto, optou por não participar pessoalmente do ato no Congresso. De acordo com fontes ouvidas pelo UOL, a decisão foi tomada para evitar uma politização excessiva do tema, o que poderia dificultar a aprovação da anistia. O ex-presidente alega que não se beneficiará diretamente da proposta, mas a afirmação não convence setores da esquerda, que veem a movimentação como uma tentativa de proteger aliados políticos.
A estratégia bolsonarista tem como objetivo causar comoção na sociedade, apresentando argumentos de que as penas aplicadas são excessivas e de que os presos não teriam tentado um golpe de Estado. Essa narrativa, no entanto, contrasta com as evidências de depredação às sedes dos três Poderes, ocorridas em 8 de Janeiro.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem se mostrado simpático à causa bolsonarista. Em entrevista na última sexta-feira, ele afirmou que as punições aplicadas são excessivas e que os atos de 8 de Janeiro representaram vandalismo, e não uma tentativa de golpe. As declarações de Motta alinham-se à narrativa defendida pelos bolsonaristas, mas geraram desconforto entre parlamentares de esquerda e no Supremo Tribunal Federal (STF).
Além disso, Motta tem apoiado mudanças na Lei da Ficha Limpa, proposta pelo deputado Bibo Nunes (PL-RS). O projeto reduz de oito para dois anos o prazo de inelegibilidade para condenados por crimes, o que, se aprovado, permitiria que Bolsonaro dispute novamente as eleições presidenciais. A convergência de esforços para beneficiar o ex-presidente e os presos do 8 de Janeiro tem sido uma marca do início do mandato de Motta à frente da Câmara.
Enquanto isso, o líder da oposição, deputado Zucco (PL-RS), declarou publicamente que "clama pela anistia" e afirmou que há intenção de colocar a família de Vanessa em contato direto com Hugo Motta. A movimentação política em torno do caso continua a gerar debates acalorados, com Rondônia, estado de origem da família, ocupando um lugar central na discussão nacional sobre justiça, direitos humanos e anistia.