Publicada em 01/03/2025 às 10h12
Porto Velho, RO – A concessão da BR-364 foi oficializada, e Rondônia entra em uma nova fase de sua infraestrutura rodoviária. No entanto, o evento que marcou o leilão da rodovia expôs ainda mais um isolamento político: o senador Confúcio Moura (MDB) foi o único representante da bancada federal do estado a celebrar a concessão nos moldes definidos pelo governo Lula (PT). Enquanto deputados e senadores de Rondônia se manifestaram contra os altos custos dos pedágios, a demora nas obras e a falta de garantias para uma duplicação integral da estrada, Confúcio se alinhou integralmente ao governo petista, participando ativamente do evento ao lado do ministro dos Transportes, Renan Filho.
RELEMBRE
Parlamentares de Rondônia criticam concessão da BR-364 e questionam duplicação e pedágios; assista
A comemoração solitária de Confúcio Moura
Enquanto a concessão da BR-364 foi recebida com preocupação pela maior parte dos parlamentares rondonienses, que apontam riscos ao setor produtivo e impactos diretos no custo de vida da população, Confúcio Moura foi na contramão das críticas. Em publicações nas redes sociais e em declarações oficiais, o senador fez questão de exaltar o leilão, tratando o evento como um marco histórico e reafirmando sua confiança nos investimentos privados.
“Hoje pode ter divergências, o que é natural. Mas no decorrer do tempo, nós vamos esquecer essas divergências e vamos já pensar em outros investimentos de futuro”, disse Confúcio durante o leilão, minimizando as preocupações levantadas pelos colegas de bancada. A fala contrasta diretamente com o posicionamento da maioria dos parlamentares, que demonstraram indignação com os altos custos do pedágio e com a execução limitada das obras.
Nas redes sociais, Confúcio reforçou sua posição de apoio incondicional ao projeto: “Vamos juntos transformar essa rodovia em um símbolo de progresso e segurança!”, escreveu, ao lado de hashtags que enaltecem a parceria com o governo Lula e o ministro Renan Filho.
Confúcio Moura comemora leilão da BR-364 em seu site oficial / Reprodução-Captura de Tela
Bancada federal vê prejuízos para Rondônia
O discurso isolado de Confúcio ficou evidente diante da forte rejeição da concessão por outros parlamentares rondonienses. O senador Marcos Rogério (PL) confrontou a fala do ministro Renan Filho:
"Ministro, Rondônia não tem o que comemorar. Comemorar um dos pedágios mais caros do mundo não dá. Comemorar o fato desse pedágio impactar o preço dos alimentos, dos medicamentos, o custo de quem sai da sua cidade para fazer faculdade em outra cidade, não dá para comemorar."
O deputado Maurício Carvalho (União Brasil), líder da bancada de Rondônia, também criticou duramente o modelo adotado pelo governo antes mesmo do leilão:
"O edital não garante a duplicação dos mais de 700 km da rodovia e ainda prevê pedágios antes das melhorias começarem. Como aceitar pagar por um serviço que não existe?"
A deputada Silvia Cristina (PP) alertou para o impacto da concessão no bolso da população:
"A instalação dos sete pedágios pode encarecer o frete e afetar os preços dos produtos. Dependendo do local do pedágio, pode prejudicar o motorista que usa a BR todo dia para trabalhar."
Jaime Bagattoli (PL) e Coronel Chrisóstomo (PL) também reforçaram a crítica, defendendo que o governo federal deveria ter garantido a duplicação completa da rodovia antes de repassar sua administração à iniciativa privada.
Pedágio alto e obras limitadas geram preocupação
As críticas da bancada se baseiam em números concretos. O contrato de concessão prevê um investimento de R$ 10 bilhões, mas apenas 120 quilômetros da BR-364 serão duplicados nos primeiros dez anos. Além disso, a tarifa de pedágio foi definida com um desconto de apenas 0,05%, levantando questionamentos sobre o custo-benefício do modelo adotado.
Outra preocupação é que os pedágios entrarão em vigor antes mesmo da conclusão das melhorias estruturais da rodovia. O CREA-RO já denunciou o leilão ao Ministério Público Federal e ao Tribunal de Contas da União, apontando falhas no projeto e alegando que o plano inicial de duplicação foi reduzido drasticamente.
Diante desse cenário, a postura de Confúcio Moura chama atenção. Ao se alinhar irrestritamente ao governo Lula e ao Ministério dos Transportes, o senador ignorou as críticas unânimes da bancada federal de Rondônia e da própria população, que será diretamente afetada pelos custos da concessão.
O isolamento político de Confúcio Moura
O posicionamento de Confúcio revela mais do que uma simples diferença de visão sobre o modelo de concessão. O senador, que já foi governador de Rondônia por dois mandatos, reforça sua proximidade com o governo petista e se distancia de um consenso político estadual. Em um momento em que a oposição ao governo federal se fortalece no estado, sua postura contraria o discurso da maioria dos políticos locais e pode ter impactos em sua relação com o eleitorado rondoniense.
Enquanto a concessão segue gerando questionamentos e ações judiciais, a postura isolada de Confúcio Moura reforça que, para ele, o alinhamento com o governo Lula vale mais do que as preocupações legítimas da população de Rondônia.
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