
Publicada em 12/03/2025 às 11h41
Porto Velho, RO – A cada novo episódio político internacional envolvendo o Brasil e os Estados Unidos, o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) reafirma sua fidelidade irrestrita ao presidente norte-americano Donald Trump, mesmo que isso implique apoiar medidas prejudiciais à economia brasileira. A mais recente manifestação do parlamentar, compartilhada nas redes sociais, coloca sobre os ombros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a responsabilidade pela taxação de 25% sobre o aço brasileiro, anunciada por Trump. A realidade, contudo, é outra: o aumento tarifário faz parte de uma política protecionista mais ampla, aplicada não apenas ao Brasil, mas também ao Canadá, México e China.
A publicação de Chrisóstomo evidencia seu alinhamento incondicional a Trump. O deputado, que constantemente veste as cores do Brasil e se autoproclama patriota, não demonstrou qualquer preocupação com os impactos da medida sobre a indústria nacional. Pelo contrário, ele não apenas ignorou as ameaças de sanções americanas, mas também celebrou a iniciativa do republicano, conforme registrado em mensagens divulgadas em grupos de WhatsApp. Em janeiro de 2025, ao participar da posse presidencial de Trump em Washington, Chrisóstomo antecipou: "Trump vai partir para cima do Brasil com sanções", expressando um entusiasmo incompreensível para um parlamentar que deveria zelar pelos interesses brasileiros.
A hipocrisia do discurso do deputado também se manifesta em sua postura seletiva sobre liberdade de expressão. Enquanto defende a abolição de mecanismos de checagem de fatos nas redes sociais, ele é rápido em recorrer à Justiça para tentar silenciar seus críticos. Recentemente, ameaçou processar veículos de imprensa que questionaram sua viagem aos Estados Unidos, sem esclarecer quais medidas legais tomaria ou quem seriam seus alvos.
Em um contexto de tensão comercial, a resposta de Lula às ameaças de Trump foi clara e pragmática: o Brasil aplicará medidas de reciprocidade caso as tarifas contra produtos brasileiros se concretizem. "Se Trump taxar o Brasil, o Brasil taxa os EUA", declarou o presidente. Para Chrisóstomo, no entanto, essa postura parece inaceitável. Ao invés de defender os interesses nacionais, ele prefere adotar a narrativa de submissão ao presidente americano, ironizando a possibilidade de retaliação. "Será que este senhor bateu com a cabeça para querer taxar os EUA???", publicou o deputado, demonstrando sua completa subserviência ao republicano.
Essa postura levanta uma questão essencial: para quem Chrisóstomo realmente trabalha? Seu mandato deveria estar focado nas demandas de Rondônia e do Brasil, mas ele parece mais preocupado em atuar como uma espécie de "cheerleader" de Trump. Ao aplaudir sanções que impactam diretamente a indústria brasileira e ao ridicularizar as estratégias de defesa econômica do país, ele age como um vassalo dos interesses norte-americanos.
O Brasil, através da diplomacia, tem tentado construir relações comerciais equilibradas e defender seus produtos no mercado global. A reação de Lula às ameaças de Trump reflete essa política de soberania nacional. O presidente enfatizou que "o mundo precisa de paz e de serenidade", reiterando que "nenhum país, por mais importante que seja, pode brigar com todo mundo o tempo todo". A resposta pragmática do governo brasileiro contrasta com a subserviência demonstrada por Chrisóstomo.
Ao longo de seu mandato, Chrisóstomo não demonstrou qualquer projeto significativo para Rondônia. Em vez de focar no desenvolvimento regional e na melhoria da qualidade de vida dos rondonienses, sua atuação tem sido marcada por um alinhamento ideológico cego a Trump. Rondônia precisa de um representante que lute por suas necessidades, e não de um parlamentar que torce contra o próprio país para satisfazer interesses estrangeiros.
Se Chrisóstomo se diz patriota, é hora de provar isso. Defender Trump em detrimento do Brasil é uma contradição que deveria preocupar os eleitores de Rondônia. Seu papel como deputado não é aplaudir sanções contra seu próprio país, mas sim garantir que a população que o elegeu tenha representação política de fato comprometida com os interesses nacionais. A história mostra que nações que não defendem seus próprios interesses acabam se tornando meros satélites das grandes potências. O Brasil e Rondônia merecem mais do que isso.