
Publicada em 11/03/2025 às 11h05
Porto Velho, RO – O jornalista Carlos Sperança, em sua coluna desta terça-feira, 11, abordou um ponto intrigante da política rondoniense: a diferença entre o sucesso eleitoral de certos políticos e a capacidade que eles demonstram ao impulsionar lideranças que, por vezes, superam suas próprias trajetórias. Dois nomes que exemplificam bem essa dualidade são Expedito Júnior (PSD) e Ivo Cassol (PP), ambos com influência expressiva no cenário político do estado, mas com desfechos distintos quando se trata de suas próprias carreiras.
Expedito Júnior iniciou sua trajetória política jovem, sendo eleito vereador de Rolim de Moura em 1984 e, dois anos depois, alcançando um feito raro: tornar-se o deputado federal mais jovem do país. Com uma carreira ascendente, consolidou-se como senador em 2006, mas em 2009 enfrentou problemas na Justiça, o que impactou suas pretensões futuras. Desde então, o sucesso nas urnas para si próprio tem sido esquivo. No entanto, Expedito soube usar sua influência para moldar novos líderes, transformando aliados em peças-chave na política rondoniense.
Sob sua condução, nomes como Hildon Chaves, eleito e reeleito prefeito de Porto Velho pelo PSDB, e Adailton Fúria, do PSD, prefeito de Cacoal, ganharam projeção. Seu filho, Expedito Netto, trilhou caminho semelhante, conquistando mandato de deputado federal e, atualmente, exercendo o cargo de secretário nacional de Pesca Industrial no governo Lula (PT). O próprio Ivo Cassol, que mais tarde se tornaria governador, teve no ex-senador um de seus primeiros articuladores políticos.
Cassol, por sua vez, construiu sua carreira de forma independente e, diferentemente de Expedito, experimentou vitórias eleitorais expressivas para si. Eleito e reeleito governador de Rondônia, conseguiu manter sua popularidade mesmo após enfrentar questões jurídicas. Contudo, sua estratégia de projeção de novos nomes nem sempre foi certeira. Em apostas recentes, apoiou candidaturas que fracassaram, como as de Ivan da Saga e DJ Maluco, além das tentativas políticas da esposa, Ivone, e do genro, Júnior Raposo. Sua única vitória consolidada nesse aspecto foi a da irmã Jaqueline Cassol, que, no entanto, tem demonstrado distanciamento político do irmão.
O afastamento de Jaqueline ficou ainda mais evidente após perder espaço dentro do Progressistas (PP) devido a uma articulação do próprio Cassol, que retomou o controle da sigla. Como resposta indireta, ela declarou, em entrevista ao jornal Folha do Sul Online, que Marcos Rocha é "o melhor governador que Rondônia já teve", uma afirmação que soou como uma provocação ao ex-governador, especialmente após os desentendimentos dentro do partido.
A grande ironia entre esses dois líderes políticos reside justamente na forma como seus legados se desenvolveram. Enquanto Expedito Júnior, que não conseguiu repetir o sucesso de suas primeiras eleições, consolidou um grupo político vencedor e bem-posicionado para o futuro, Cassol, mesmo sendo um vencedor eleitoral para si próprio, enfrentou dificuldades na manutenção de um círculo de influência duradouro.
Com o PSD se tornando uma das legendas mais fortes de Rondônia em 2024, a estratégia de Expedito Júnior parece estar se provando mais eficaz a longo prazo. Já Cassol, ainda uma incógnita para 2026, vê sua capacidade de transferir votos e criar novos líderes políticos sob constante teste. No fim, criação e criatura seguem caminhos distintos, mas ambos continuam sendo peças fundamentais no tabuleiro político rondoniense.