
Publicada em 28/03/2025 às 09h31
Porto Velho, RO – O deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) voltou a afirmar, em dois discursos realizados na última quinta-feira (27), que a ex-presidente Dilma Rousseff, do PT, teria matado um soldado durante a ditadura militar, acusação que já foi amplamente desmentida por agências de checagem e veículos da imprensa, além de ter gerado condenações na Justiça por danos morais contra quem a propaga.
Durante pronunciamentos feitos às 11h20 e às 13h15 na tribuna da Câmara dos Deputados, o parlamentar de Rondônia declarou: “Dilma Rousseff matou um soldado, o Kozel”, referindo-se ao militar Mário Kozel Filho, morto em 1968 em um atentado atribuído à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Chrisóstomo ainda mencionou que a ex-presidente teria participado de ataques a bancos para comprar armas: “Ela também invadia banco para roubar dinheiro para comprar armas”, afirmou.
CONFIRA:
As alegações repetem declarações similares feitas por Chrisóstomo em 27 de novembro de 2024, conforme registrado em editorial publicado pelo site Rondônia Dinâmica no dia 30 daquele mês. À época, o parlamentar afirmou em plenário que Dilma “assassinou um soldado do Exército na frente do quartel junto a outros”, retomando uma narrativa desmentida desde 2020 por investigações do jornal O Estado de S. Paulo, que não encontraram qualquer evidência da participação da ex-presidente no atentado contra Kozel Filho ou em ações armadas.
O editorial do Rondônia Dinâmica destacou que, ao contrário de seu correligionário Jair Bolsonaro, que naquele momento apelava publicamente por anistia e pacificação em entrevista à Revista Oeste, Chrisóstomo adotava um tom confrontativo, reacendendo acusações infundadas. “Mesmo com essas evidências, Chrisóstomo afirmou: ‘Ela assassinou um soldado do Exército na frente do quartel junto a outros’”, destacou o site à época.
Além das checagens jornalísticas, o Judiciário também já se manifestou sobre o tema. Em decisão da 4ª Vara Cível de Brasília, proferida há três anos, uma usuária do Instagram foi condenada a pagar R$ 30 mil em indenização à ex-presidente por compartilhar conteúdo falso, afirmando que Dilma teria assassinado o soldado Kozel Filho. O processo reconheceu que a publicação ultrapassou os limites da liberdade de expressão, ao propagar acusações infundadas e sensacionalistas.
Durante os discursos de quinta-feira, Chrisóstomo insistiu que “isso está nas redes sociais” e encorajou os ouvintes a buscarem vídeos e declarações de supostos ex-companheiros de Dilma. Ele também classificou os atuais integrantes da esquerda como “mentirosos” e acusou-os de crimes como incêndios a prédios públicos e apoio ao comunismo. A sessão, conduzida pelo deputado Gilberto Nascimento (PSD-SP), foi acompanhada por estudantes de Direito que assistiam à sessão da galeria da Câmara.
Em sua fala, o deputado solicitou que seus discursos fossem transmitidos integralmente pelo programa A Voz do Brasil e pelos canais de comunicação da Casa. “Estou aqui defendendo o meu povo. A minha missão aqui é esta. Rondônia é de direita, é conservadora”, afirmou.
A reincidência do parlamentar chama atenção por se tratar da segunda vez, em um intervalo de quatro meses, que Chrisóstomo utiliza a tribuna da Câmara para reiterar uma versão já desmentida dos fatos. Em ambos os episódios, ele relacionou diretamente Dilma Rousseff à morte de Mário Kozel Filho, apesar de documentos oficiais e levantamentos da imprensa atestarem que a ex-presidente não era membro da VPR e não teve envolvimento nas ações que culminaram no atentado.
REFERÊNCIAS: