
Publicada em 22/03/2025 às 11h03
Em meio à floresta amazônica, uma pequena gota de água se prepara para uma aventura transformadora: integrar, pela primeira vez, o ciclo da chuva. Inspirado nas águas do Rio Purus, que banha a cidade de Lábrea, no sul do Amazonas, o curta-metragem Pela Água, Sempre! propõe uma reflexão sobre os efeitos das mudanças do clima nos ciclos naturais e a importância da água na vida das populações amazônicas - e de todo o planeta.
A floresta Amazônica garante não só o equilíbrio climático do planeta como também a chuva que abastece as outras regiões do Brasil, essencial, inclusive, para a produção agropecuária. Entretanto, o bioma e suas populações tradicionais sofrem há décadas com as pressões do desmatamento, da grilagem de terras e das queimadas, impactando diretamente esse ciclo hidrológico. Secas extremas e inundações cada vez mais recorrentes são exemplos trágicos desses impactos.
Por meio de uma narrativa lúdica e acessível, destacando elementos característicos da cultura e dos modos de vida da região, em especial a relação das populações com os rios e seus movimentos, Pela Água, Sempre! busca sensibilizar e conscientizar crianças e comunidades locais sobre a importância da água para manutenção dos seus modos de vida e, sobretudo, da vida humana na Terra.
O título do filme reflete a conexão essencial entre a água e a vida. “A vida surge e segue pela água sempre”, explica Douglas de Magalhães, roteirista e codiretor do filme (função dividida com Juraci Júnior). “A essencialidade da água para a existência da vida na Terra, inclusive da existência humana, é algo inquestionável”.
Além desse aspecto universal, a relação com a água na Amazônia é ainda mais profunda, observa ele. “Na região, a vida se organiza em torno do rio, em um nível de integração que talvez não ocorra da mesma forma em outras partes do mundo. As enchentes e vazantes, o roçado, as frutas disponíveis ou não, tudo está diretamente ligado às águas”.
Por fim, a produção também carrega um tom de manifestação. “Não é à toa que o título traz um ponto de exclamação. Nossa luta deveria ser sempre pela água”, finaliza Douglas.
Financiada por edital da Lei Paulo Gustavo no estado do Amazonas, o filme conta com uma equipe múltipla, composta por artistas e profissionais amazônidas e com vivência na região.
Com estreia prevista para junho, o curta terá cinco exibições gratuitas e comentadas em escolas públicas e na praça central de Lábrea, numa forma de democratizar o acesso à produção audiovisual na Amazônia.
Neste Dia Mundial da Água, a animação reforça a necessidade de preservação e proteção ambiental, garantindo que a chuva e os rios amazônicos mantenham seus ciclos tão essenciais para a vida.
