
Publicada em 17/03/2025 às 15h49
Maria Laura da Rocha, secretária-geral do Itamaraty, e a ministra dos Negócios Estrangeiros e Expatriados da Palestina, Varsen Aghabekian Shahin — Foto: Letícia Clemente/MRE
O Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota nesta segunda-feira (17) na qual afirmou que Israel tem violado os termos do acordo com o grupo terrorista Hamas, que controla a Faixa de Gaza, acrescentando que o país tenta colonizar a Palestina.
A nota foi divulgada após a secretária-geral do Itamaraty, Maria Laura da Rocha, ter se reunido com a ministra dos Negócios Estrangeiros e Expatriados da Palestina, Varsen Aghabekian Shahin.
Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em outubro de 2023, o governo brasileiro tem criticado as ações militares israelenses em Gaza e defendido que as partes cheguem a um consenso para permitir um cessar-fogo permanente, além da entrada de ajuda humanitária para os palestinos que vivem na região.
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Israel corta fornecimento de energia para Gaza
"[Durante a reunião] discutiram a situação na Palestina, expressaram preocupação com a fragilidade do cessar-fogo na Faixa de Gaza e condenaram violações israelenses a esse acordo, em particular a suspensão da entrada de ajuda humanitária e energia elétrica", afirmou a nota do Itamaraty.
"Expressaram sua preocupação com a situação na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, em vista da contínua expansão de assentamentos israelenses ilegais, ataques de colonos israelenses contra civis palestinos, ameaças de anexação e intensificação de operações militares israelenses em cidades e campos de refugiados palestinos", acrescentou o ministério.
Quando a guerra começou, em 2023, o Brasil presidia o Conselho de Segurança das Nações Unidas e tentou, sem sucesso, aprovar uma resolução que pudesse levar a um cessar-fogo. Os Estados Unidos, por exemplo, se opuseram aos termos propostos pelos diplomatas brasileiros por entenderem que não abarcavam o direito de Israel de se defender.
Além disso, ao longo do último ano, o país perdeu as condições de mediar um eventual acordo entre Israel e Hamas, principalmente após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter comparado o que acontece em Gaza ao que o regime nazista de Adolf Hitler fez contra os judeus. O episódio gerou uma crise diplomática entre os dois países.
Em um contexto em que mais de 47 mil pessoas — incluindo mulheres e crianças inocentes — morreram no conflito, o Brasil também passou a questionar publicamente o que chamou de limites éticos e legais das ações militares israelenses em Gaza.
Recentemente, inclusive, o governo brasileiro disse "deplorar" a decisão de Benjamin Netanyahu de impedir a entrada de ajuda humanitária em Gaza.
Saída 'completa' de tropas israelenses
Palestinos passam pelos escombros de edifícios destruídos, em meio ao cessar-fogo entre Israel e o Hamas, na Cidade de Gaza, em 6 de fevereiro de 2025. — Foto: REUTERS/Dawoud Abu Alkas/Foto de arquivo
Ao discursar em uma reunião de ministros das Relações Exteriores do G20, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, criticou a proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retirar os palestinos da Faixa de Gaza, acrescentando entender que, para o Brasil, são as tropas israelenses que devem deixar a região.
Na nota divulgada nesta segunda-feira, o Itamaraty reiterou a defesa pela saída "completa" das tropas israelenses.
"[As duas autoridades] concordaram sobre a urgência de alcançar acordo para a cessação permanente das hostilidades, incluindo a retirada completa das forças israelenses do território, a libertação de reféns israelenses e prisioneiros palestinos detidos em violação ao direito internacional, assim como a definição de mecanismo robusto que garanta o acesso desimpedido de ajuda humanitária", diz um trecho do documento.
