
Publicada em 18/03/2025 às 15h37
Em sua rede social Truth Social, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que a conversa por telefone com o líder russo Vladimir Putin, nesta terça-feira (18), foi "muito boa e produtiva" e que EUA e Rússia vão "trabalhar rapidamente para haver um cessar-fogo completo" e um fim para a guerra do país com a Ucrânia.
A Rússia concordou em interromper os ataques a alvos de energia e infraestrutura da Ucrânia durante 30 dias — mas o Kremlin disse que só aceitará um cessar-fogo total após a interrupção completa da ajuda militar e de inteligência das potências ocidentais a Kiev.
A conversa durou quase duas horas, segundo as duas partes. O objetivo final dos EUA, de fazer a Rússia aceitar uma trégua total, não foi alcançado.
"Concordamos com um cessar-fogo imediato em toda a energia e infraestrutura, com o entendimento de que trabalharemos rapidamente para ter um cessar-fogo completo e, finalmente, um fim para esta guerra horrível entre a Rússia e a Ucrânia", disse Trump.
"Essa Guerra jamais teria começado se eu fosse o presidente!", alega o americano. "Muitos elementos de um acordo para a paz foram discutidos, incluindo o fato de que milhares de soldados estão sendo mortos, e tanto o presidente Putin quanto o presidente Zelensky gostariam de ver a guerra acabar. Esse processo está agora em pleno vigor e efeito, e nós, esperançosamente, pelo bem da humanidade, faremos o trabalho!", diz o post.
De acordo com o Kremlin, os líderes concordaram em uma troca de prisioneiros russos e ucranianos. As duas partes vão liberar 175 prisioneiros de guerra cada, e a Rússia afirmou que vai entregar a Kiev 23 combatentes gravemente feridos.
Segundo o Kremlin, porém, "foi enfatizado que uma condição fundamental para evitar uma maior escalada e trabalhar em direção a uma resolução política e diplomática deve ser a interrupção completa da ajuda militar estrangeira e do apoio de inteligência a Kiev".
"Em relação à iniciativa do presidente dos EUA de implementar um cessar-fogo de 30 dias, o lado russo sublinhou vários aspectos importantes, incluindo garantir o controle efetivo sobre uma potencial interrupção de hostilidades ao longo de toda a linha de frente, interromper o alistamento militar forçado na Ucrânia e interromper o rearmamento das Forças Armadas Ucranianas", disse o governo russo.
As duas partes concordaram em manter o diálogo — e, segundo o governo russo, Trump concordou com a ideia de Putin em realizar partidas de hóquei no gelo entre a seleção russa e uma equipe de jogadores americanos.
Proposta americana
Desde o início do mês, Trump tenta garantir o apoio de Putin para um cessar-fogo de 30 dias, aceito pela Ucrânia. Enquanto isso, ambos os lados continuam os ataques aéreos, e a Rússia se aproxima de expulsar as forças ucranianas de Kursk, na Rússia.
O presidente americano afirmou que os soldados ucranianos estão "em grandes apuros". Trump sugeriu ainda que a suspensão de ajuda militar à Ucrânia e o bate-boca que ele teve com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, podem ter influenciado Kiev a aceitar a proposta.
"O que está acontecendo na Ucrânia não é bom, mas vamos ver se conseguimos trabalhar em um acordo de paz, um cessar-fogo e a paz, e acho que seremos capazes de fazer isso”, disse Trump na segunda-feira (17).
Um dia antes, ao ser questionado sobre possíveis concessões nas negociações, Trump mencionou a divisão de terras da Ucrânia e o controle de usinas, sem dar mais detalhes.
“Vamos falar sobre terra. Vamos falar sobre usinas ... Já estamos falando sobre isso, dividindo certos ativos”, disse o presidente americano.
A Casa Branca confirmou que no radar das negociações está a usina de Zaporizhzhia, que é a maior usina nuclear da Europa .
Enquanto isso, Zelensky acusa Putin de prolongar a guerra. Segundo ele, a proposta de cessar-fogo já poderia ter sido implementada há uma semana, e "cada dia em tempo de guerra significa vidas humanas".
A Rússia disse na sexta-feira (14) que Putin enviou uma mensagem a Trump sobre seu plano de cessar-fogo por meio do enviado dos EUA, Steve Witkoff.
No domingo, Witkoff, o secretário de Estado Marco Rubio e o conselheiro de segurança nacional de Trump, Mike Waltz, enfatizaram que ainda existem desafios a serem resolvidos antes que a Rússia aceite um cessar-fogo.