
Publicada em 01/03/2025 às 10h51
O assunto mais comentado nas rodas de políticos nas últimas semanas, sem dúvidas, é o Carnaval 2025, que teve início oficialmente na sexta-feira (28) e será encerrado na Quarta-Feira de Cinzas (5). Mas nem por isso a política, que está “na veia” das pessoas, é deixada de lado, pois teremos eleições gerais no próximo ano para a escolha do presidente da República, governadores e respectivos vices, duas das três vagas ao Senado de cada estado e do Distrito Federal, além de deputados federais e estaduais.
As eleições de outubro do próximo ano são assunto permanente nos bastidores da política e, apesar da trégua para a Folia de Momo, voltarão a predominar com intensas conversas entre os dirigentes partidários.
Em Rondônia, que há semanas prioriza o mais importante bloco carnavalesco do Norte do país, a Banda do Vai Quem Quer (BVQQ), fundada há décadas pelo saudoso Manelão, Manoel Mendonça, o desfile acontece hoje (1º) nas principais ruas e avenidas da área central de Porto Velho, com a expectativa da participação de cerca de 200 mil pessoas. É o povo no Carnaval.
As negociações predominantes na política estadual são sobre os nomes dos prováveis candidatos a governador em 2026. E, quando o tema é esse, ao menos cinco lideranças não podem ser ignoradas, porque já provaram que são “bons de votos” em eleições anteriores, demonstrando ótima identificação com o eleitorado.
O interior sempre predominou nas eleições para governador em Rondônia. Desde Oswaldo Piana, eleito em 1990, apenas em 2018 o atual governador Marcos Rocha (União) quebrou essa hegemonia. Ele se reelegeu em 2022, encerrando um ciclo de governadores do interior, que incluía Valdir Raupp (MDB), Ivo Cassol (dois mandatos seguidos) e Confúcio Moura (MDB), também com dois mandatos consecutivos. Todos esses nomes têm condições de concorrer e vencer na sucessão estadual.
Apesar de muitos alegarem que Confúcio Moura (MDB) está com um “pé na cova” na política, ou seja, próximo da aposentadoria, essa não é a percepção nos bastidores, onde ele segue sendo citado nas conversas entre as lideranças partidárias. Ele nunca perdeu uma eleição, já foi mais de uma vez prefeito de Ariquemes, cumpriu dois mandatos como governador, foi deputado federal e, atualmente, é senador.
Recentemente, fez uma declaração de apoio total ao presidente Lula. Não foi por acaso. Como o PT, hoje, não tem um nome forte para disputar o governo do estado, por que não fechar questão com Confúcio? Ele é um político experiente, tem muito a dizer sobre sua trajetória e já está identificado com o partido.
O PT vota fechado, porque são partidários – nem todos, lógico –, mas já demonstrou isso em eleições anteriores. Em quase todas, o PT sempre somou cerca de 20% dos votos válidos. Confúcio pode estar de bengala na política, mas sabe “costurar” nos bastidores e tem currículo eleitoral.
O problema da “velha guarda” da política regional é a nova “safra” de lideranças que está na ativa – e é boa de voto. Entre eles, quatro nomes estão trabalhando para viabilizar suas candidaturas à sucessão estadual em 2026.
Hildon Chaves (PSDB) governou Porto Velho por dois mandatos seguidos. Destacou-se em várias frentes, como pavimentação urbana na capital (centro e bairros), incluindo distritos, alguns localizados a cerca de 400 km da sede. Sofreu com a saúde, que é um problema crônico de todos os segmentos públicos – municipal, estadual ou federal – e com o saneamento básico, o “calcanhar de Aquiles” de todo prefeito de Porto Velho. Mas deixou a prefeitura com uma aprovação de 90%.
Hildon não é mais prefeito, mas está na presidência da Associação dos Municípios de Rondônia (Arom), cargo que ocupará até o final de 2026. Determinado e com ótima visão política, certamente saberá utilizar esse cargo estrategicamente. Basta colocar a Arom para funcionar, o que só aconteceu nas gestões de Laerte Gomes, deputado estadual reeleito mais bem votado do estado (25.603 votos) e ex-prefeito de Alvorada do Oeste, e do ex-prefeito de Ouro Preto do Oeste, Carlos Magno.
O deputado federal mais votado no estado em 2024 (85.596 votos), Fernando Máximo (União), não conseguiu viabilizar sua candidatura a prefeito de Porto Velho naquele ano, mas teve papel fundamental no apoio (indireto) ao prefeito eleito, Léo Moraes (Podemos), e é um nome de destaque para a sucessão estadual. Foi secretário de Estado da Saúde na época da pandemia, sempre esteve presente nas campanhas de combate à Covid-19 e soube explorar bem sua popularidade, elegendo-se para a Câmara Federal.
Máximo deverá mudar de partido até a disputa eleitoral de 2026, pois se sentiu ignorado nas eleições municipais. Ele seria o candidato, mas o União Brasil trouxe a ex-deputada federal Mariana Carvalho, do Republicanos, para ser a candidata, e ela acabou sendo derrotada por Moraes.
Outro nome forte é o do vice-governador Sérgio Gonçalves (União Brasil), irmão do ex-chefe da Casa Civil Júnior Gonçalves. Sérgio já foi elogiado publicamente pelo governador Marcos Rocha em diversas ocasiões e é um candidato natural à sucessão. Ele deverá assumir o governo de Rondônia em abril de 2026, caso se confirme a intenção do atual governador de disputar uma das duas cadeiras ao Senado pelo estado.
Os demais nomes, por enquanto, estão todos vinculados ao interior. O senador Marcos Rogério, presidente regional do PL, já demonstrou que é bom de voto nas eleições de 2022. Foi candidato a governador, chegou ao segundo turno contra Marcos Rocha, que tinha a “máquina” administrativa nas mãos e conseguiu se reeleger. Rogério somou 415.278 votos (47,53%), contra 458.370 votos (52,47%) de Rocha. Não fez as devidas parcerias, achou que estava eleito, segundo pesquisas da época, e acabou sendo derrotado. Ainda assim, é um nome competitivo, apesar da soberba, que deve ser reconsiderada para as eleições de 2026.
Para finalizar, temos o prefeito reeleito de Cacoal, Adailton Fúria (PSD), uma liderança emergente na Região do Café. Seus mais de 83% dos votos válidos na reeleição são um número expressivo. O processo de reeleição é sempre mais difícil que a eleição inicial, e ele conseguiu superar esse desafio. Fúria já foi vereador e deputado estadual, cargo que renunciou após ser eleito prefeito em 2020.
Como está no segundo mandato, não terá grandes dificuldades com o eleitorado caso precise renunciar para disputar o governo do estado. É um nome forte para as eleições de 2026.
Também não está descartada a possibilidade de sua esposa, Joliane, que foi candidata a deputada federal em 2024, somando 24.483 votos, sendo a sexta mais bem votada. Ela não se elegeu devido à legenda, mesmo sem nunca ter disputado um cargo eletivo anteriormente.