
Publicada em 03/04/2025 às 15h47
A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil divulgou nesta quinta-feira (3) um comunicado no qual citou o Brasil entre os países que "sufocam" parte da economia americana, acrescentando que o presidente Donald Trump não permitirá que o país seja "explorado".
O comunicado, em português, é atribuído à Casa Branca e foi divulgado um dia após Trump ter anunciado, em Washington, tarifas a produtos importados vendidos para os Estados Unidos.
No caso dos produtos brasileiros, a tarifa será de 10%, a mesma anunciada para o Reino Unido. Europa (20%) e China (34%) ficaram com tarifas ainda maiores.
"Certos países, como Argentina, Brasil, Equador e Vietnã, restringem ou proíbem a importação de bens remanufaturados, restringindo o acesso ao mercado para exportadores dos EUA, ao mesmo tempo em que sufocam os esforços para promover a sustentabilidade, desencorajando o comércio de produtos quase novos e com uso eficiente de recursos", afirma o comunicado divulgado pela embaixada.
Reduzir o déficit
O comunicado faz menção à existência de déficit comercial – quando um país importa mais de outro país do que exporta para este país – como justificativa para a adoção das medidas.
"O presidente Trump se recusa a permitir que os EUA sejam explorados e acredita que as tarifas são necessárias para garantir comércio justo, proteger trabalhadores americanos e reduzir o déficit comercial", acrescenta o documento, em outro ponto.
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Ainda segundo o comunicado, Donald Trump buscará "nivelar" a economia para empresas e trabalhadores americanos, confrontando o que chama de "disparidades tarifárias injustas", além de barreiras não tarifárias impostas por outros países. A Casa Branca entende que os países "têm se aproveitado dos EUA".
Segundo o governo brasileiro, porém, a relação com os Estados Unidos é superavitária para os americanos. Isto é, os Estados Unidos exportam mais para o Brasil do que importam, em valor agregado. No comércio internacional, isso representa uma posição favorável para os EUA.
Segundo o Itamaraty, dados do próprio governo norte-americano mostram que o superávit comercial dos EUA com o Brasil em 2024 foi de cerca de US$ 7 bilhões, somente em bens. Somados bens e serviços, o superávit chegou a US$ 28,6 bilhões no ano passado.
"Trata-se do terceiro maior superávit comercial daquele país em todo o mundo", afirma o governo federal.
A reação brasileira
Nesta quinta-feira (3), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou o tema durante evento em Brasília, anunciando que o governo brasileiro irá responder a qualquer iniciativa protecionista e mencionando a lei recentemente aprovada pelo Congresso autorizando medidas de reciprocidade.
"Somos um país que não tolera ameaça à democracia, que não abre mão de sua soberania, que não bate continência para nenhuma outra bandeira que não seja a bandeira verde e amarela, que fala de igual para igual e que respeita todos os países — dos mais pobres aos mais ricos —, mas que exige reciprocidade no tratamento", afirmou o presidente.
