Publicada em 24/04/2025 às 10h16
Porto Velho, RO – A nomeação da ex-deputada federal Jaqueline Cassol, oficializada nesta semana pelo governador Coronel Marcos Rocha (União Brasil), para atuar na articulação com os municípios dentro da Casa Civil do Estado, hoje chefiada por Elias Rezende, reaqueceu a crise pública envolvendo o clã Cassol.
O novo posto surge pouco mais de um ano após a ex-parlamentar ser retirada da presidência do Diretório Estadual do Progressistas (PP) em Rondônia. O movimento, conduzido pelo irmão, Ivo Cassol, com o aval direto do senador Ciro Nogueira (PP/PI), presidente nacional da sigla, ocorreu dias após o 8 de março de 2024 — data simbólica que intensificou as críticas. Jaqueline classificou o episódio como “violência política de gênero”; seu marido, Luiz Paulo Batista, atual secretário estadual de Agricultura, o chamou de “fato traiçoeiro e sórdido”.
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À época, Jaqueline emitiu nota na qual destacou sua surpresa e reafirmou o compromisso com a luta por representatividade feminina, sem citar o irmão. “Ser mulher nos torna ainda mais vulneráveis, especialmente frente à violência política de gênero”, disse, mencionando a retirada do cargo como uma quebra inesperada em sua trajetória de quase nove anos à frente do PP no estado.
Desde então, Jaqueline intensificou sua aproximação com a atual gestão estadual. Em entrevista ao site Folha do Sul Online, concedida em 16 de janeiro de 2025, ela afirmou: “Marcos Rocha é o melhor governador que Rondônia já teve”. O elogio público deixou evidente a ruptura com Ivo, crítico da administração do União Brasil, e evidenciou que os dois irmãos agora ocupam campos políticos opostos.
A nova nomeação também gerou reação imediata. Na última quarta-feira, 23, Ivo Cassol publicou uma nota pública intitulada “Cada um responde pelo seu CPF. Eu com a minha história.” No comunicado, tentou se desvincular da escolha: “Não indiquei, não participei, nem autorizei qualquer articulação que envolvesse a nomeação de familiares meus no atual governo.” Disse ainda não aceitar ser associado a decisões de um governo que não representa.
No mesmo dia, Jaqueline compartilhou em seus stories no Instagram a arte do anúncio, acompanhada da frase: “Me sinto honrada por parte do Governo Marcos Rocha”, em tom de gratidão e pertencimento.
Segundo o site de notícias da Capital Rondoniagora, Jaqueline também respondeu à manifestação do irmão com uma nova publicação nas redes sociais. "Minha nomeação para integrar a equipe do Governo de Rondônia foi uma decisão exclusiva do governador Marcos Rocha, baseada na minha trajetória, competência e nos resultados que construí ao longo dos anos", afirmou. E completou: “Cada um responde por seu CPF. Eu respondo pelas minhas escolhas, minhas ações e pelo caminho que construí com esforço e transparência. Não carrego sobrenomes. Carrego resultados.”
A manifestação de Ivo, embora travestida de distanciamento institucional, também funciona como uma tentativa de reafirmar domínio sobre o capital político do sobrenome Cassol. Ao afirmar que “cada um responde pelo seu CPF”, busca reiterar seu protagonismo histórico e simbólico no grupo familiar. Jaqueline, por outro lado, parece determinada a escrever uma nova página — desta vez, fora da sombra do irmão.
Enquanto Ivo perdeu o controle do Progressistas, hoje comandado em Rondônia pela deputada federal Sílvia Cristina — nome escolhido por Ciro Nogueira para reorganizar o partido no estado —, Jaqueline retorna ao núcleo político por meio de outra aliança e com respaldo institucional do Executivo estadual.
A movimentação marca um ponto sem retorno. O que antes era uma disputa velada, agora se revela como um conflito irreparável. Jaqueline trilha o próprio caminho; Ivo tenta preservar o legado. No meio disso, o que se rompeu não foi apenas uma estrutura partidária — foi a unidade de uma das famílias mais influentes da política rondoniense.


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