Publicada em 29/05/2025 às 11h10
Porto Velho, RO – A iniciativa da ex-deputada Manuela D’Ávila (concorreu como vice de Fernando Haddad, do PT, nas eleições presidenciais de 2018) para cassar o mandato do senador Marcos Rogério (PL-RO) ganhou força nas últimas 24 horas. Com base em acusações de violência política de gênero e raça contra a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, um abaixo-assinado online lançado pela organização Mulheres Em Luta (MEL) ultrapassou 80 mil assinaturas, conforme publicação nas redes sociais da idealizadora.
O estopim foi uma audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, na terça-feira (27/5), durante a qual Marcos Rogério interrompeu a fala de Marina Silva diversas vezes. Ao reagir à postura da ministra, afirmou: “Me respeite, ministra, se ponha no teu lugar”, acrescentando que ela deveria “se colocar no seu lugar de ministra de Estado”. Segundo Marina, que deixou a sessão após os episódios, a fala continha viés autoritário e discriminatório. “Gostaria que ela fosse uma mulher submissa. E eu não sou”, rebateu a ministra.
A situação foi agravada pela participação do senador Plínio Valério (PSDB-AM), que voltou a proferir ataques contra Marina. Durante a audiência, afirmou: “Mulher merece respeito, a ministra não”, em referência à tentativa de separar a figura pública da pessoa. Essa manifestação aconteceu pouco mais de dois meses depois de ele ter dito, em outro evento, que tolerar a ministra por seis horas seria difícil “sem enforcá-la”.
Em texto divulgado junto ao abaixo-assinado, a organização MEL afirma que “a violência política de gênero e raça não pode mais ser normalizada — nem ignorada”. A nota, que também aparece no site oficial da entidade (mel.org.br/marcosrogeriocassado), menciona que o episódio “é um retrato nítido da violência política de gênero e raça” e denuncia o que considera uma tentativa de calar e expulsar mulheres dos espaços de poder, sobretudo aquelas que são negras e ocupam cargos de liderança.
Nas redes sociais, Manuela D’Ávila reforçou o apelo: “‘Se coloque no seu lugar’. Quando um senador diz isso a uma ministra, ele não está só sendo agressivo — está reproduzindo um sistema que insiste em calar, deslegitimar e expulsar as mulheres dos espaços de poder”. Segundo ela, o abaixo-assinado tem o objetivo de mostrar que a sociedade “não vai mais tolerar” esse tipo de prática na política.
No momento em que a campanha digital foi lançada, o número de assinaturas superava as 10 mil. Uma hora após a postagem de Manuela no Instagram, o total divulgado já era superior a 80 mil. A mobilização integra um conjunto de ações do movimento MEL, que articula manifestações virtuais e presenciais com foco na luta por igualdade de gênero e contra o racismo institucional.
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