Publicada em 31/07/2025 às 14h43
Porto Velho, RO – O coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público de Rondônia, Anderson Batista de Oliveira, afirmou que a atuação contra facções criminosas e crimes envolvendo agentes públicos continua intensa no estado. Em entrevista ao podcast Resenha Política, apresentado por Robson Oliveira em parceria exclusiva com o Rondônia Dinâmica, o promotor destacou que o número de operações cresceu nos últimos anos, embora a divulgação seja mais restrita, e que as organizações criminosas já estão no radar das investigações.
Segundo Oliveira, o GAECO deflagrou cerca de 100 operações entre 2021 e 2025, sendo que dez somente em 2025. Ele explicou que o modelo atual evita ações midiáticas precipitadas, priorizando investigações maduras:
"Hoje não se deflagra operação para investigar. Quando há uma deflagração, significa que os elementos já estão avançados e o Judiciário autorizou as medidas," disse.
O promotor também alertou para o avanço das facções em áreas vulneráveis de Porto Velho e no interior, aproveitando-se de fragilidades sociais e do sistema prisional. Para ele, a criminalidade organizada em Rondônia é fruto de pobreza, ausência de serviços públicos e falhas no ambiente prisional, fatores que alimentam a “fábrica de soldados do crime”.
"É muito fácil para o crime organizado recrutar uma criança de nove anos oferecendo um celular ou uma moto furtada. Enquanto o Estado não apresentar uma proposta melhor, eles ocupam o espaço", afirmou.
Sistema prisional e risco de infiltração política
Oliveira reconheceu que celulares e informações ainda circulam nas unidades prisionais, mas destacou que o GAECO não atua diretamente em medidas estruturais do sistema:
"Existe corrupção, existe desestruturação, mas não sabemos qual é o peso de cada causa. Não podemos criminalizar sem prova consistente," explicou.
Sobre infiltração de facções em instituições políticas, o promotor disse que não há registros de infiltração estratégica em Rondônia, mas que o risco é monitorado:
"Nas últimas eleições fizemos levantamento de inteligência e não identificamos vínculos diretos com candidatos. O tema está no nosso radar," afirmou.
Operações e polêmicas
Questionado sobre a Operação Pau Oco, que gerou críticas do ex-governador Daniel Pereira, Oliveira esclareceu que não participou da fase investigativa e que o caso está sob análise do Poder Judiciário:
"Está na fase de ação penal. Cabe ao Judiciário avaliar as provas e dar a resposta," disse.
O coordenador reforçou que o GAECO mantém vigilância contínua e atua em rede com Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Federal, Politec e Tribunal de Contas do Estado, priorizando casos com maior impacto social e indícios concretos.
"Recursos são limitados. Precisamos ser estratégicos. O que tem potencial maior avança, o restante fica no radar," concluiu.
Oliveira ainda alertou que o mês de agosto tende a ser marcado por crimes ambientais e queimadas, que tradicionalmente mobilizam órgãos de fiscalização e investigação em Rondônia.



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