Publicada em 21/07/2025 às 11h39
Porto Velho, RO – O deputado federal Coronel Chrisóstomo, filiado ao PL de Rondônia e vice-líder da oposição na Câmara dos Deputados, protagonizou um episódio que simboliza os riscos de um salto em falso no palco nacional. Após conquistar uma rara projeção política como relator de um projeto envolvendo o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que obteve apoio de mais de 380 deputados, o parlamentar rondoniense buscou consolidar sua imagem de defensor das pautas populares e alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro. No entanto, ao tentar transformar uma entrevista coletiva em palanque para ampliar sua visibilidade, Chrisóstomo acabou provocando constrangimento entre aliados e se tornou alvo de repercussão negativa em portais de todo o país.
O episódio ocorreu no dia 18 de julho de 2025, durante coletiva de imprensa organizada por lideranças da oposição no Senado Federal, convocada após a deflagração de mais uma fase de investigações contra Bolsonaro, que culminou na imposição de medidas cautelares como uso de tornozeleira eletrônica. A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), dentro do conjunto de apurações sobre atos antidemocráticos e tentativas de subversão da ordem institucional.
Chrisóstomo foi um dos primeiros a se manifestar. Começou reforçando sua indignação com as medidas impostas ao ex-presidente, classificando-as como arbitrárias e em desacordo com a vontade popular. Utilizou, como argumento de autoridade, sua função como relator do projeto de alteração do IOF, enfatizando que havia obtido apoio maciço na Câmara e que, mesmo assim, uma decisão individual do Judiciário teria invalidado todo o processo legislativo. O tom da fala seguia o roteiro habitual da oposição bolsonarista, marcado por críticas ao STF e defesa da narrativa de perseguição política contra Bolsonaro.
Contudo, a fala do deputado começou a tomar outro rumo quando ele passou a fazer referências explícitas ao golpe militar de 1964. Alegando que naquele período a imprensa teria atuado ao lado do povo, Chrisóstomo sugeriu que os tempos atuais exigiriam um comportamento semelhante. A partir daí, conclamou diretamente as Forças Armadas a assumirem um papel ativo em nome da defesa da democracia, em tom que flertou com o discurso intervencionista.
O impacto foi imediato. A menção ao golpe militar e a convocação simbólica aos militares geraram um desconforto visível entre os presentes. Jornalistas questionaram o deputado sobre o significado exato de sua fala e se ele estaria defendendo uma nova intervenção militar. Chrisóstomo tentou se esquivar, mas a insistência da imprensa levou outros parlamentares a intervirem. O senador Carlos Portinho (PL-RJ), um dos principais nomes do partido no Senado, tentou dissociar a posição do colega da orientação da bancada, preferindo generalizar a defesa de uma “democracia real” sem endossar as declarações mais polêmicas.
O estrago, no entanto, já estava feito. Em poucos minutos, o trecho da fala de Chrisóstomo começou a circular nas redes sociais e nas páginas principais de veículos como Metrópoles, CartaCapital, UOL, CNN Brasil, Correio Braziliense, Valor Econômico, Infomoney, Correio do Povo e Terra. Em comum, os títulos enfatizavam o teor anacrônico do discurso e a tentativa de reabilitar simbolicamente um período marcado por autoritarismo e suspensão de direitos civis.
Um dia antes, 17 de julho, o deputado apareceu em vídeo publicado pelo repórter Guga Noblat, do ICL Notícias, que o desafiou a cantar o Hino Nacional. Chrisóstomo, conhecido por seu discurso patriótico e militarista, demonstrou dificuldade em lembrar a letra e não conseguiu completar os versos. O vídeo viralizou, reforçando a percepção de que o parlamentar recorre ao nacionalismo mais por conveniência retórica do que por convicção real. O contraste entre o discurso inflamado na tribuna e a performance constrangedora diante da câmera ampliou o desgaste de sua imagem pública.
A sequência de eventos – a abordagem de Noblat, o discurso na coletiva e a repercussão nacional negativa – acabou projetando Chrisóstomo de forma involuntária. Ele finalmente obteve a visibilidade que tanto buscava fora das fronteiras de Rondônia, mas em condições que fragilizam sua credibilidade política e o isolam mesmo entre seus pares ideológicos.
Além disso, a fala do deputado gerou reflexos práticos dentro da oposição. Parlamentares do próprio PL e de siglas aliadas demonstraram incômodo com o uso do espaço institucional para promover discursos associados ao autoritarismo. A liderança do partido na Câmara se absteve de comentar publicamente, mas bastidores indicam que houve conversas para evitar reincidência de episódios semelhantes. A avaliação é de que, ao misturar o apelo popular à retórica saudosista do regime militar, Chrisóstomo compromete o esforço de parte da oposição em se apresentar como alternativa democrática ao governo federal.
A trajetória política de Coronel Chrisóstomo, até então restrita ao campo simbólico da defesa de pautas conservadoras, foi submetida a uma nova lente. O deputado de Rondônia, que até recentemente figurava apenas como um nome de apoio ao bolsonarismo nas votações regimentais, passou a ser reconhecido nacionalmente. Mas não por suas propostas, nem por sua atuação parlamentar: sua imagem ficou atrelada a uma fala polêmica e a um episódio público de constrangimento que virou meme.
A tentativa de protagonismo acabou resultando em exposição indesejada. Chrisóstomo atraiu atenção nacional, mas não da forma como desejava. Ao tentar se posicionar como líder ideológico e porta-voz de uma suposta resistência conservadora, acabou se tornando alvo de crítica, ironia e desconforto entre os próprios aliados. O saldo político do episódio evidencia os limites de um discurso que busca resgatar símbolos autoritários em nome de uma legitimidade que já não encontra mais eco na institucionalidade democrática.
No fim, o deputado segue ocupando um espaço político limitado, cuja representatividade continua voltada quase exclusivamente às causas ideológicas vinculadas ao bolsonarismo. Sua projeção nacional ocorreu, mas ao custo de um capital simbólico que pode se esgotar rapidamente, caso novas tentativas de protagonismo repitam o padrão de improviso e exposição negativa que marcou sua semana.
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Comentários
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INACIO AZEVEDO DA SILVA 21/07/2025 - 13:33QUEM É ESSE “DEPUTADO FEDERAL CORONEL Chrisóstomo (PL-RO) “NA FILA DO PÃO”
Durante seu mandato, votou a favor da reforma previdência, votou contra a flexibilização das regras da reforma para professores e a favor das flexibilizações para policiail. Votou a favor da privatização da Eletrobrás e dos Correios. Votou a favor do voto impresso e a favor da ratificação do texto da Convenção Interamericana contra o Racismo. Votou contra a redução do fundão eleitoral e contra a suspensão do mandato de Wilson Santiago (PTB-PB), acusado de corrupção.
O deputado votou a favor da PEC dos Precatórios, que facilitou a execução das emendas do relator (orçamento secreto). Em 2020 e 2021, ele recebeu cerca de R$ 2 milhões via orçamento secreto, instrumento utilizado pelo governo para garantir apoio parlamentar.
Votou pela aprovação da “PEC da Devastação”; contra a cobrança de imposto pelos ricos, ao votar SIM pela derrubada do veto do decreto sobre IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras) que o STF já martelou pela inconstitucionalidade da medida pela legislativo; é defensor das “emendas PIX” sem transparência; defende a anistia dos “patriotas” envolvidos na tentativa do golpe e dos atos antidemocráticos do dia 08 de janeiro; votou favorável ao aumento do número de deputados federais que não acrescentaria nenhuma vaga para RO; defende maior isenção para o setor do Agro que já (158 bilhões por ano); defendem a retirara de recursos de setores como saúde, educação e programas sociais e suas relocações na emendas PIX sem transparência; defendem o aumento de seus privilégios, como no caso de acumulação de vencimentos com aposentadoria, votou favorável ao projeto que “renegocia” as dívidas dos municípios e estados com a união, com um custo de 30 bilhões de reais; defende a taxação dos USA sobre alguns produtos brasileiros, com tentativa de chantagem ao Brasil e ao STF, em troca de não punição dos golpistas em fase de condeação pelo supremo, e por último prega que as forças armadas dê um golpe de estado a exemplo de 1964. Esse é o Deputado Federal que o Estado de Rondônia colocou no congresso nacional, para defender “.. Pátria e a Família” .



Os caras não defendem o Brasil, mas uma família de criminosos. Sem anistia!