Publicada em 11/07/2025 às 09h32
Porto Velho, RO – O senador Marcos Rogério (PL-RO) responsabilizou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras. Em pronunciamento nas redes sociais, o parlamentar evitou qualquer crítica ao mandatário norte-americano Donald Trump e também ignorou o trecho de uma carta oficial em que o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu correligionário, é citado nominalmente e tratado como vítima de uma “caça às bruxas”.
“Lula grita contra os EUA, flerta com ditaduras e culpa Bolsonaro por tudo. Mas a conta do desgoverno chegou… e quem paga é o Brasil”, escreveu Marcos Rogério em publicação acompanhada de vídeo, onde reafirma o tom crítico à política externa brasileira, sem mencionar diretamente os impactos sobre o agronegócio nacional.
Durante sua fala, o senador declarou: “Lula tem adotado uma postura antagônica em relação aos Estados Unidos e também a outros países ocidentais no âmbito do BRICS.” Segundo ele, essa conduta contrasta com a “tradição diplomática brasileira, que é uma tradição de equilíbrio e moderação”.
A carta de Donald Trump, endereçada a Lula em 9 de julho de 2025, informa oficialmente a decisão norte-americana de impor as novas tarifas. No documento, o presidente dos Estados Unidos afirma: “Conheci e tratei com o ex-Presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei muito. A forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro [...] é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”
A mensagem atribui parte da sanção econômica a supostos “ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres” e à “violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos”. Trump ainda cita as ordens judiciais brasileiras que teriam sido “secretas e ilegais”, dirigidas a plataformas de mídia social dos EUA.
Segundo o chefe da Casa Branca, a medida entrará em vigor em 1º de agosto de 2025 e será aplicada a “todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas para os Estados Unidos”, mesmo as que tentarem evitar a taxação por meio de transbordo. O comunicado também prevê investigação da Seção 301 contra o Brasil, conduzida pelo Representante de Comércio dos EUA.
Apesar da taxação atingir diretamente o agronegócio, setor que o senador de Rondônia declara defender, Marcos Rogério concentrou sua argumentação em responsabilizar o governo brasileiro. “Trump usa o instrumento tarifário para aplicar sanções ao Brasil por conta do somatório das ações e declarações do presidente Lula”, afirmou.
A carta de Trump, no entanto, não cita explicitamente medidas de política externa adotadas por Lula como motivação primária da sanção, mas foca na atuação do Judiciário brasileiro e no tratamento dado a Jair Bolsonaro. Ainda assim, Marcos Rogério afirmou que o Brasil estaria sendo conduzido “ao fundo do poço” e que Lula buscaria “capitalizar politicamente a necessidade de união em torno da soberania nacional contra o imperialismo americano”.
Enquanto o senador mantém sua retórica alinhada ao ex-presidente brasileiro e ao atual presidente norte-americano, setores do agronegócio manifestaram preocupação com os impactos da medida. De acordo com matéria publicada pela revista Veja, parlamentares ligados ao setor defenderam o uso da diplomacia para reverter as tarifas e afirmaram que a decisão afeta diretamente a competitividade dos produtos brasileiros nos Estados Unidos.
A nova política tarifária dos EUA, segundo o documento, poderá ser ajustada “para cima ou para baixo, dependendo do relacionamento com seu país”. A carta conclui afirmando que, caso o Brasil decida abrir seus mercados e eliminar tarifas e barreiras comerciais, haverá possibilidade de revisão da medida.
Leia mais na matéria original da VEJA:
https://veja.abril.com.br/coluna/maquiavel/a-resposta-do-agronegocio-brasileiro-ao-tarifaco-de-donald-trump/
Discurso de Chrisóstomo exalta Trump e aponta os EUA como “donos do mundo”
Na mesma semana em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras, o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) usou a tribuna da Câmara para defender o governo norte-americano e atacar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante a 128ª Sessão Deliberativa Extraordinária da Câmara dos Deputados, realizada em 10 de julho de 2025, o parlamentar afirmou que “quem manda no mundo” são os Estados Unidos, com base no poderio militar da nação.
“Vou contar uma historinha aqui para o PT, para a Esquerda. Sabe qual é a maior potência do planeta? São os Estados Unidos, é isso mesmo!”, declarou o congressista, acrescentando: “Sabe quem tem voz para ser ouvido? É quem tem poder. Eu não estou falando do poder econômico, não. Sabe de qual poder eu estou falando? O poder das armas. Quem grita alto é quem tem arma poderosa e em grande quantidade.”
No discurso, Chrisóstomo se referiu ao presidente Lula como “mentiroso” e “ex-presidiário” e afirmou que o chefe do Executivo deveria “sumir do mapa”. Segundo ele, Trump teria dado um “recado” ao Brasil ao adotar as medidas tarifárias, reforçando que, em sua visão, o ex-presidente norte-americano seria o verdadeiro líder global. “‘O galo sou eu, seu garnisesinho.’ O garnisé é você, Lula”, disse, mencionando a forma como interpretou a carta enviada por Trump a Lula.
O deputado também criticou as relações diplomáticas do Brasil com países como Irã, Cuba e Venezuela. “São esses que o Lula defende, assim como a turma da Esquerda, países totalitários que matam pessoas”, afirmou. Ao final de sua fala, solicitou que o discurso fosse divulgado pelo programa A Voz do Brasil e pelos meios de comunicação da Câmara dos Deputados.



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