Publicada em 26/09/2025 às 11h16
Porto Velho, RO – As denúncias que cercam Antônio Rueda, presidente do União Brasil, têm potencial de reverberar muito além de Brasília. Em Rondônia, onde a federação União Brasil/PP já traçou planos estratégicos mirando tanto o governo quanto as vagas ao Senado em 2026, o impacto político pode ser profundo.
O que hoje parece um projeto consistente pode, em pouco tempo, se transformar em fardo. Caso as acusações de vínculos com jatinhos, fundos de fachada e operadores ligados ao PCC sejam comprovadas, como reagirão os agentes que se lançaram sob a proteção política de Rueda? Seguirão adiante como se nada tivesse acontecido? Buscarão se desvincular em silêncio? Ou se pronunciarão publicamente contra o dirigente que abençoou suas candidaturas?
Essas perguntas são inevitáveis porque o desgaste de imagem não se limita ao presidente nacional. Qualquer nome associado ao projeto da federação em Rondônia será, automaticamente, alvo das críticas e da exploração política dos adversários. Em um cenário de disputa acirrada, basta a dúvida para minar credibilidade, abrir espaço para narrativas corrosivas e criar fissuras em alianças recém-construídas.
Rueda, em nota, tem rechaçado as acusações e as classificado como “campanha difamatória”. Mais recentemente, ele e a direção do União Brasil chegaram a apontar o governo federal como responsável indireto pelo desgaste, relacionando a abertura das investigações ao desembarque oficial da sigla da gestão Lula.
O partido afirmou ver “profunda estranheza” no fato de o nome de seu presidente ser associado a inquéritos poucos dias após a decisão de deixar cargos federais, sustentando que haveria “uso político da estrutura estatal para enfraquecer a independência partidária”. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reagiu prontamente, chamando as acusações de “infundadas e levianas” e negando qualquer ingerência do Planalto. A questão que se impõe é se, em Rondônia, esse mesmo discurso de perseguição pode ser usado como distração: será suficiente para blindar os planos locais ou apenas agravará as dúvidas sobre a solidez da federação?
A política não se move apenas pelo desfecho jurídico: o peso da narrativa pública já é suficiente para colocar em xeque a federação e seus planos regionais. Para os que pretendem disputar governo e Senado em Rondônia sob essa bandeira, o dilema é claro: manter-se fiéis ao dirigente nacional e arcar com o desgaste, ou romper o silêncio e tentar se proteger da tempestade.
O certo é que, independentemente de qual caminho sigam, os adversários explorarão com veemência qualquer associação entre o União Brasil, sua federação com o PP e as investigações que hoje pairam sobre Rueda. E, em ano eleitoral, essa sombra pode ser decisiva.



Comentários
Seja o primeiro a comentar!