R7/BRASIL
Publicada em 11/05/2021 às 14h46
O presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, afirmou na CPI da Covid do Senado, nesta terça-feira (11), ser contrário às declarações do presidente Jair Bolsonaro, nas quais ele minimizou a importância da vacinação contra a pandemia ou pôs em dúvida os imunizantes.
Ao ser questionado pelo relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), como ele via as falas de Bolsonaro - citou, por exemplo, a brincadeira sobre o risco de virar jacaré para quem tomasse o imunizante da Pfizer -, Barra Torres declarou que isso "vai contra tudo o que nós [da Anvisa] temos protagonizado em todas nossas manifestações públicas".
"Entendemos que a política de vacinação é essencial. Se todos estamos sentados aqui nessa sala é porque um dia nossos pais nos levaram para se vacinar", disse o presidente da agência. "Discordar de vacina ou falar mal de vacina não guarda razoabilidade histórica", concluiu.
Mudança na bula da cloroquina
Barra Torres confirmou que estava na reunião no ano passado em uma das salas do Palácio do Planalto na qual se cogitou mudar a bula do medicamento cloroquina, colocando-o como possível medicamento contra a covid.
O encontro servia como reunião do chamado grupo executivo interministerial e Anvisa, criado em fevereiro de 2020 para enfrentamento da pandemia.
Segundo ele, estavam na reunião o então ministro da Casa Civil (hoje da Defesa), Walter Braga Netto, o ex-ministro da Saúde Mandetta, ele, como representante da Anvisa, e a médica defensora da cloroquina e do tratamento precoce Nisa Yamaguchi, mais outro médico, do qual não lembra o nome.
Em determinado momento, conta, a doutora Nise Yamagushi sugeriu a mudança na bula e ele prontamente rejeitou a ideia. "Minha reação foi imediata, dizendo que aquilo não poderia ser", disse aos senadores.
Torres explicou aos parlamentares que quem pode modificar uma bula de um medicamento registrado é a agência reguladora do país origem, desde que solicitada pelo detentor do registro. Isso pode ocorrer quando o laboratório que tem a propriedade do remédio descobre outra aplicação para a substância.
"Quando houve uma proposta de uma pessoa física, tive uma reação um pouco mais brusca. Olha, isso não tem cabimento, isso não pode. E a reunião acabou logo em seguida a esse episódio", relembrou.
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