G1
Publicada em 23/06/2021 às 11h21
O jornal "Apple Daily", que defende a democracia em Hong Kong, anunciou nesta quarta-feira (23) que sua última edição será publicada amanhã, quinta-feira (24), em meio à pressão do governo chinês.
A decisão ocorre menos de uma semana após o jornal ser alvo de uma nova operação policial e ter seus bens congelados.
Vários executivos foram presos na operação, o editor-chefe e o executivo-chefe do tabloide foram acusados formalmente de conluio com país estrangeiro.
Foi a segunda vez em menos de um ano que a polícia entrou na redação do "Apple Daily". Seu dono, o bilionário Jimmy Lai, foi acusado de conspiração após uma operação em agosto.
O bilionário de 73 anos cumpre atualmente várias sentenças de prisão por participar das manifestações pró-democracia que abalaram Hong Kong em 2018.
"O 'Apple Daily' decidiu que o jornal encerrará suas atividades a partir de meia-noite e que 24 de junho será o último dia de publicação", anunciou o periódico em seu site oficial.
O governo chinês tentou por várias vezes calar o jornal e passou a utilizar a lei de segurança nacional para minar o trabalho do "Apple Daily". Com frequência, a imprensa estatal chinesa chama Lai de "traidor".
O jornal sempre expressou apoio ao movimento pró-democracia de Hong Kong — que era um território britânico e foi devolvido à China em 1997 — e nunca parou de criticar abertamente as autoridades chinesas.
Repressão chinesa
O acordo de devolução assinado entre Reino Unido e China previa a preservação da autonomia da região, o que tem sido cada vez mais desrespeitado — sobretudo após os protestos de 2018 em Hong Kong.
A cidade passou há três por uma onda de manifestações que reivindicavam mais liberdade política e menos intervenção chinesa.
Como resposta, o governo chinês aprovou em 2020,suma lei de segurança nacional que tem sido usada para reprimir opositores ao regime comunista. Sem aval do parlamento de Hong Kong, ela foi incorporada à "Lei Fundamental" da cidade.
A lei, que visa reprimir o "separatismo", o "terrorismo", a "subversão" e o "conluio com forças externas e estrangeiras", criminalizou grande parte da oposição e deu às autoridades amplos poderes de investigação.
A China afirma que a lei de segurança nacional é necessária para devolver estabilidade a Hong Kong. Críticos dizem que a repressão acabou com a promessa de que a cidade permaneceria com certas liberdades e autonomia após a sua devolução.
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2021/06/alvo-de-pressao-jornal-de-hong-kong-pro-democracia-fecha,106429.shtml