G1
Publicada em 01/07/2021 às 15h15
Os promotores de Nova York, Estados Unidos, acusaram formalmente nesta quinta-feira (1º) a Trump Organization de fraude e crimes fiscais.
Mais cedo, o diretor financeiro (CFO) Allen Weisselberg havia se apresentado às autoridades judiciais para prestar esclarecimentos (leia mais adiante na reportagem).
Ele e a companhia responderão por um "esquema de 15 anos de evasão de impostos". O valor estimado dos desvios chega a US$ 1,7 milhão (cerca de R$ 8,6 milhões).
A Trump Organization é o braço de negócios no ramo imobiliário que arremessou o magnata Donald Trump para a fama – primeiro nas colunas sociais e programas de TV, até chegar à Casa Branca.
Carey Dunne, conselheiro-geral da Promotoria do distrito de Manhattan, que investigava o caso, classificou o que chamou de "esquema de pagamentos ilegais" como "abrangente e audacioso".
"Este foi um esquema de fraude fiscal de 15 anos envolvendo pagamentos não registrados", disse Dunne durante a audiência desta quinta.
O diretor financeiro (CFO) da Trump Organization, Allen Weisselberg, se apresentou às autoridades judiciais nesta quinta-feira (1º), no dia em que o executivo e o conglomerado que reúne as empresas do ex-presidente dos Estados Unidos devem ser formalmente acusados.
Serão as primeiras denúncias formais de uma investigação que paira sobre Donald Trump há anos. Ela era apenas civil, mas em maio passou a ser também criminal, por suspeita de fraudes bancárias e em seguros e evasão fiscal.
Weisselberg é um contador de 73 anos que passou grande parte de sua carreira trabalhando no império imobiliário da família Trump, onde ingressou em 1973. Ele também ajudou o ex-presidente a administrar o conglomerado durante seu período na Casa Branca.
Weisselberg foi visto entrando em um prédio que abriga o tribunal criminal de Manhattan nesta manhã para ser notificado das acusações às quais responderá, segundo a imprensa americana.
Os jornais "The Wall Street Journal", "The New York Times" e "The Washington Post" dizem que as acusações se referem a benefícios em espécie concedidos Weisselberg que não teriam sido declarados à Receita.
A denúncia contra Weisselberg e a Trump Organization será apresentada no final do dia pelo promotor Cyrus Vance Jr., segundo a imprensa. O ex-presidente americano não deve ser indiciado por enquanto, mas a investigação do Ministério Público de Nova York continua (veja mais abaixo).
O conglomerado das empresas de Trump, que vão de hotéis a campos de golfe, divulgou comunicado em que acusa os promotores de usar Weisselberg como um "peão" para perseguir o ex-presidente.
Trump sempre negou qualquer irregularidade e disse que a investigação era uma "caça às bruxas" por por motivos políticos, pois Vance é filiado ao Partido Democrata (nos EUA, os membros do Ministério Público são eleitos e é comum que os promotores sejam ligados a partidos políticos).
A investigação
O promotor distrital inicialmente se concentrou em investigar pagamentos para comprar o silêncio de duas mulheres que afirmam ter tido casos com Trump, mas avançou para evasão fiscal e fraude.
O inquérito é conduzido de maneira sigilosa e, em março, obteve acesso a oito anos de declarações de Imposto de Renda de Trump, após uma decisão da Suprema Corte do país.
A decisão foi uma resposta a um pedido feito pelos advogados de Trump, que tentavam manter as informações fiscais do ex-presidente sob sigilo.
Em 2018, Michael Cohen, o ex-advogado de Trump, foi preso após reconhecer que havia pago pelo silêncio de duas mulheres quando elas acusaram o então candidato republicano à Casa Branca de ter mantido relações sexuais fora do casamento.
Antes de ser preso, Cohen alegou que Trump – com o apoio de seus familiares – cometeu diversas fraudes fiscais e bancárias ao longo dos anos.
Segundo o ex-advogado, o republicano teria "inflado seus ativos" para aparecer na lista dos homens mais ricos da revista "Forbes", mas mentiu e desinchou os números para não pagar impostos.
IR presidencial
Durante a campanha presidencial americana e os quatro anos em que ocupou a Casa Branca, Trump se recusou a divulgar as suas declarações de Imposto de Renda – algo que era feito por todos os seus antecessores.
Os presidentes americanos sempre divulgaram suas declarações, detalhando as fontes de renda e impostos pagos, em nome da transparência.
Em setembro, o jornal "The New York Times" revelou que Trump não pagou imposto de renda em 10 dos 15 anos anteriores à sua eleição — e pagou apenas US$ 750 de imposto em 2016 e em 2017 (justamente o ano em que foi eleito e o primeiro no cargo).
Em maio deste ano, Biden retomou a tradição rompida por Trump e publicou a sua declaração de impostos.
O atual presidente americano e sua esposa, Jill, ganharam no ano passado US$ 607 mil (cerca de R$ 3,16 milhões na cotação da época).
O casal pagou US$ 157 mil em Imposto de Renda federal, uma alíquota efetiva de 25,9%, e mais US$ 28,8 mil de IR estadual em Delaware, onde residia antes de chegar à Casa Branca.
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2021/07/empresas-de-trump-sao-formalmente-acusadas-por-fraude-e-crimes-fiscais,107162.shtml