ASCOM
Publicada em 01/07/2021 às 16h07
O vice-líder do Governo no Congresso, Marcos Rogério (RO), afirmou nesta quinta-feira (01/07) que o Brasil está sendo vítima de “atravessadores”, pessoas que se passam por representantes de empresas multinacionais e prometem vender vacinas que não existem.
Durante o depoimento do representante da Davati Medical Suply Luiz Paulo Dominguetti Pereira, na CPI da Covid, o parlamentar disse que seu estado, inclusive, foi vítima desses “empresários” e levou um calote de 400 mil doses de insumos. Para o parlamentar, o país está sendo vítima da “picaretagem e malandragem” desses representantes, insensíveis à morte de mais de 500 mil pessoas na pandemia.
“A prefeitura de Porto Velho, em Rondônia, encomendou 400 mil doses de vacinas e, depois que estourou aquele escândalo nacional, descobriu que o grupo que estava vendendo fazia parte de uma grande quadrilha. Agora, no meio de uma pandemia, brasileiros, municípios, estados e até o Governo federal sofrem tentativa de se vender aquilo que não existe”, destacou Marcos Rogério.
Luiz Paulo Dominguetti acusa o Ministério da Saúde de pedir US$ 1 de propina por cada vacina AstraZeneca vendida ao Brasil ao preço inicial de US$ 3,50. Contudo, as declarações da testemunha estão em desacordo com orientação do próprio Ministério da Saúde, de que todas as tratativas sobre vacinas deveriam ser feitas junto ao gabinete do ministro da Saúde, através do seu secretário-executivo, e que não havia qualquer intermediário credenciado para tal negociação.
Segundo o senador, as declarações do representante da Davati não convenceram, mas insistiu para que, mesmo diante de uma acusação sem fundamentos, todos os fatos sejam investigados.
“Com relação à proposta de vantagens indevidas, é preciso apurar a fundo, inclusive, quem se passou esse tempo todo como intermediário de venda de vacina sem ter carta de apresentação, sem representar essas farmacêuticas. Aliás, em uma audiência pública que fizemos, aqui no Senado, eu perguntei a Pfizer, a Johnson, se eles tinham representantes no Brasil, empresas para intermediá-los. Eles disseram que não tem intermediários; trata direto. Mas, ainda assim, muitos municípios receberam essas mesmas propostas de oferta de não representantes das empresas”, acrescentou o vice-líder do Governo.
A Luiz Paulo Dominguetti Pereira, Marcos Rogério questionou a informalidade com que ele, representante da Davati, teria tratado o assunto “de vacinas” com o Ministério da Saúde: em um restaurante, em Brasília, sem muitas testemunhas por perto. “É por isso que estranho toda essa informalidade, inclusive, com encontros em restaurante para tratar de venda de vacinas, em nome de uma multinacional de notório reconhecimento, com negócios com países de todo o mundo. Qualquer pessoa que tenha a mínima experiência com o poder público sabe que esse tipo de conduta foge à normalidade, ao padrão de oficialidade e de transparência dos atos administrativos”, frisou.
O senador pediu à CPI a convocação do ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, tenente-coronel Marcelo Blanco; do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias; e do suposto empresário – que ele não soube dizer o nome -, todos apontados por Dominguetti Pereira como participantes do encontro em um restaurante, na capital federal.
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