Marina Espíndola/Secom
Publicada em 09/07/2021 às 14h13
Os Jogos Paralímpicos de Tóquio começam no dia 24 de agosto. Oficialmente, a lista de convocados do Brasil foi divulgada na última terça-feira (6) e, entre eles, estão os irmãos rondonienses Kesley Josué, de 28 anos, e Kétila Teodoro, de 25, conhecidos como “irmãos Teodoro’s”. Nascidos em Rolim de Moura, os dois têm deficiência visual e, ainda crianças, descobriam a paixão pelo atletismo. Como fazem parte da Seleção Brasileira de Atletismo Paralímpico, a dupla mudou-se para São Paulo. Um vídeo divulgado na página oficial do Comitê Paralímpico Brasileiro mostra o momento de emoção na convocação dos irmãos.
Após a emoção, Kesley relembrou os momentos em que passou até conquistar o feito. “Todo aquele esforço, toda dedicação e determinação vem à tona. Quando eu estava em Rondônia e ia todos os dias à pista de cimento com uns amigos treinar, sem nem imaginar que hoje eu viveria isso, os dias que mesmo sem ânimo eu levantava e ia ao Centro de Treinamento, debaixo de chuva, sol, agora eu me lembro dos dias que os treinos eram tão exaustivos que eu sentia que tudo dentro de mim iria rasgar em um único movimento. Agora eu me lembro e vejo que valeu a pena os dias ‘perdidos’ de folga. Agora eu vejo que valeu a pena os dias que meu corpo se jogava ao chão e meus músculos tremiam implorando para desistir”.
Kétila conquistou o pódio do Atletismo Paralímpico no Pan-americano de 2019, em Lima, no Peru. Foi para um Mundial em Dubai onde obteve ótimas colocações e este ano junto com irmão segue na disputa dos jogos Paralímpicos de Tóquio. A atleta se diz preparada para a realização de mais um sonho.
“Estou muito feliz. É minha primeira convocação para os jogos Paralímpicos de Tóquio, felicidade também por estar com Kesley. Então, será nossa primeira Paralimpíada juntos. Tive o início da minha carreira em 2012, em Porto Velho, Rondônia, e desde 2018 estou aqui em São Paulo, na Seleção Brasileira, entre as melhores do Mundo e isso é muito gratificante. Em Lima fui medalha de bronze e agora, para fechar com chave de ouro esse momento, fomos convidados para Tóquio, então as expectativas são as melhores possíveis”, disse a atleta.
Faltando apenas três semanas para os irmãos seguirem rumo a Tóquio, o ritmo de treinamentos foram intensificados, mesmo diante da pandemia. O foco, a determinação e a fé são estratégias fundamentais na preparação do corpo para um momento único. “Estamos nos recuperando do coronavírus, mas estamos treinando para melhorar resultados e superar todas essas situações. Isso tudo é muito especial para gente, pois é onde todo o atleta gostaria de estar e chegar, ainda mais em ano de pandemia, quando foi tudo mais difícil de conseguir essa vaga de ir para Tóquio”, explicou Kesley.
DETERMINAÇÃO
A trajetória da dupla é acompanhada de muita superação, pois foi na infância, por volta dos 7 anos de idade, Kesley descobriu a deficiência visual. Kétila passou pelo mesmo processo já na adolescência. Os dois saíram do interior do estado de Rondônia para morar em Porto Velho, em busca dos tratamentos adequados que pudessem amenizar o problema.
O amor pelo esporte surgiu quando os dois estudavam na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Marechal Castelo Branco, no ano de 2012. A partir daí, o esporte tornou-se mais que especial na vida dos dois . “Um professor da escola nos convidou para treinar, e ainda em 2012 tivemos a oportunidade de participar das Paralimpíadas Escolares em São Paulo. Desde então, entramos no quadro nacional de atletas”, respondeu Kesley.
A visibilidade do atleta aumentou na Paralimpíada do Rio 2016, um evento multiesportivo para atletas com deficiência organizado pelo Comitê Paralímpico Internacional.
O Governo do Estado de Rondônia e a família foram os principais incentivadores dos irmãos. “O Governo teve participação no patrocínio de algumas competições que tivemos com relação às passagens aéreas, e a família sempre apoiou nossos esforços”, garante Kesley. Hoje a dupla conta com patrocínio do Governo Federal e Grupo Rovema, essenciais para que os atletas permaneçam em São Paulo.
E se depender desta dupla, incentivo e preparação não faltará para retornar ao Brasil e a Rondônia com ótimas colocações nas Paralímpiadas que estão prestes a começar. Por causa da pandemia, os irmãos retornaram ao estado de Rondônia, onde passaram sete meses. Para manter a forma física durante a quarentena, os atletas contam que receberam orientações on-line da Comissão Técnica Brasileira. Além de academia em casa, os irmãos construíram uma pista de corrida na zona rural de Porto Velho. “Fizemos todo esse trabalho porque não queríamos perder o foco que são essas Paralimpíadas de Tóquio”, finalizou o atleta.
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