RFI
Publicada em 03/08/2021 às 09h23
O ultraconservador Ebrahim Raisi tomou posse nesta terça-feira (3) como novo presidente do Irã, com a missão de recuperar uma economia afundada pelas sanções americanas e pela pandemia, além de retomar as negociações para salvar o acordo internacional sobre o programa nuclear do país.
Vencedor da eleição presidencial de junho, marcada por uma taxa de abstenção recorde e os vetos às candidaturas de vários rivais, Raisi é o sucessor do moderado Hasan Rohani, que alcançou em 2015 o acordo nuclear entre o Irã e as grandes potências após vários anos de tensão.
Ex-comandante da Autoridade Judicial, Raisi, 60 anos, inicia oficialmente o mandato de quatro anos após a aprovação de sua eleição pelo guia supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei.
"De acordo com a escolha do povo, dou posse ao sábio, incansável, experiente e popular Ebrahim Raisi como presidente da República Islâmica do Irã", escreveu o guia supremo em um decreto lido por seu chefe de gabinete.
A cerimônia teve um número limitado de convidados devido à pandemia.
Raisi prestará juramento na quinta-feira (5) no Parlamento, ao qual deve apresentar seus candidatos para os cargos ministeriais.
O novo presidente afirmou que o governo tentará suspender as sanções americanas contra o país, mas não espera que os estrangeiros ajudem a melhorar a situação do Irã.
"Certamente buscamos suspender as sanções opressivas, mas não vamos subordinar as condições de vida da nação à vontade dos estrangeiros", disse Raisi em um discurso transmitido pela televisão estatal após a cerimônia de posse.
“Superar adversidades"
A presidência de Raisi consagrará o domínio dos conservadores após a vitória nas eleições legislativas em 2020.
"Tenho muita esperança para o futuro do país", afirmou antes da cerimônia de posse. "É possível superar as adversidades e os limites atuais, apoiado pelo povo iraniano", completou.
Para Clément Therme, pesquisador do Instituto Universitário Europeu, com sede em Florença (Itália), o objetivo principal de Raisi "será melhorar a situação econômica, reforçando as relações econômicas entre a República Islâmica do Irã e os países vizinhos", além de Rússia e China.
Em 2018, o ex-presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo de 2015 e restabeleceu as sanções contra o Irã. Em resposta, Teerã renunciou à maioria de seus compromissos que limitavam seu polêmico programa nuclear.
Economia castigada
As sanções de Washington castigaram a economia iraniana e prejudicaram especialmente as exportações de petróleo.
Em 2017-2018 e novamente em 2019, o Irã registrou manifestações que tiveram como pano de fundo o descontentamento social vinculado às dificuldades econômicas.
Em julho, habitantes da província rica em petróleo do Cuzistão (sudoeste) protestaram contra a falta de água.
A crise econômica foi agravada pela pandemia de Ccovid-19. O Irã é o país mais afetado pela doença na região.
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