AFP
Publicada em 09/08/2021 às 15h16
O novo presidente iraniano, Ebrahim Raisi, disse nesta segunda-feira (9) ao seu homólogo francês, Emmanuel Macron, que as negociações entre as potências mundiais para salvar o acordo nuclear de 2015 devem garantir os "direitos" de seu país.
"Em qualquer negociação, os direitos do povo iraniano devem ser mantidos, e os interesses da nossa nação devem ser garantidos", disse Raisi em um telefonema de uma hora de duração, conforme o site da Presidência iraniana.
Esta conversa foi a primeira de Raisi com um líder ocidental desde que assumiu o cargo, na semana passada.
No telefonema, o novo líder ultraconservador se mostrou firme em relação às intenções do Irã de manter sua capacidade de "dissuasão" na região do Golfo Pérsico e do Mar de Omã.
"A República Islâmica é muito séria sobre o fornecimento de segurança e a manutenção da dissuasão na região do Golfo Pérsico e do Mar de Omã e confrontará os elementos que privarem a região desta segurança", acrescentou, segundo a página institucional da presidência.
O ultraconservador Raisi sucedeu ao moderado Hassan Rohani, que concluiu o acordo de 2015. Com este pacto, as sanções internacionais contra Teerã foram suspensas em troca do compromisso de limitar seu programa nuclear.
Em 2018, o então presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo e restabeleceu as sanções contra o Irã. Em resposta, Teerã foi-se desvinculando, gradualmente, do pacto.
Entre abril e junho de 2021, houve seis rodadas de negociação em Viena entre Irã e as grandes potências para tentar relançar o acordo. As últimas discussões remontam a 20 de junho, e ainda não há uma data para os próximos encontros.
Autoridades iranianas disseram que as negociações seriam retomadas somente depois da posso do novo governo. Uma fonte da União Europeia mencionou o início de setembro.
- 'Obrigações' -
O chefe de Estado francês disse ao presidente iraniano que "cesse rapidamente" as violações dos compromissos assumidos pela República Islâmica para reduzir sua atividade nuclear, informou a presidência francesa. Conforme a mesma fonte, ele também pediu que "se retome rapidamente as negociações em Viena para chegar a uma conclusão".
"Os americanos violaram claramente suas obrigações ao impor novas sanções", rebateu Raisi, referindo-se ao "fracasso" dos europeus em evitar estas sanções.
O novo presidente iraniano prestou juramento no Parlamento na última quinta-feira (5). Disse estar aberto a "qualquer plano diplomático" para a suspensão das sanções que afundam a economia de seu país, mas advertiu que o Irã não cederá à "pressão".
A posse de Raisi se dá em um contexto renovado de tensão. Israel, Estados Unidos e Reino Unido acusaram Teerã do mortal ataque, em 29 de julho, cometido contra o petroleiro "MT Mercer Street" frente à costa de Omã. O navio é administrado pela empresa de um milionário israelense.
Um segurança britânico e um membro romeno da tripulação morreram no episódio. Teerã nega qualquer envolvimento, e seu Ministério das Relações Exteriores já advertiu Israel sobre qualquer ação militar contra o Irã.
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