AFP
Publicada em 10/08/2021 às 10h52
O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, pediu nesta terça-feira (10) a "todos os etíopes saudáveis e adultos" para se juntarem às Forças Armadas, enquanto o conflito no Tigré se espalhou nas últimas semanas para duas regiões vizinhas no norte do país.
"Agora é a hora de todos os etíopes saudáveis e maiores de idade se juntarem às forças de defesa, forças especiais e milícias e mostrar seu patriotismo", afirmou em um comunicado o gabinete do primeiro-ministro, que havia decretado há dois meses um cessar-fogo unilateral.
O conflito no Tigré se agravou desde o final de junho.
Os combates começaram em novembro passado, depois que o primeiro-ministro Abiy Ahmed enviou o Exército federal ao Tigré para expulsar as autoridades regionais da Frente de Libertação do Povo Tigré (TPLF).
De acordo com o ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2019, esta operação foi uma resposta a ataques a acampamentos do Exército federal ordenados pela TPLF. Abiy proclamou a vitória no final de novembro, após a captura da capital regional, Mekele.
Mas em 28 de junho, as forças rebeldes pró-TPLF recapturaram Mekele e grande parte do Tigré nos dias seguintes.
Após um cessar-fogo declarado por Abiy Ahmed, oficialmente por razões humanitárias, e a retirada dos soldados etíopes, as forças rebeldes continuaram sua ofensiva contra as regiões vizinhas de Amhara, ao sul, e Afar, a leste.
Neste contexto, pelo menos 12 pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas em um ataque a civis na região de Afar, informou nesta terça-feira um médico local.
O ataque ocorreu em 5 de agosto na cidade de Galicoma, disse à AFP o Dr. Abubeker Mahammud, diretor do hospital de referência da cidade de Dubti, para onde as vítimas foram transportadas.
"Doze cadáveres chegaram ao hospital", informou, relatando "quase cinquenta" feridos, dos quais "quase 75% foram feridos por arma de fogo".
Segundo o médico, os sobreviventes afirmam ter sido alvos de combatentes da TPLF.
A TPLF reiterou que não deseja tomar os territórios em Amhara e Afar, mas sim facilitar o acesso à ajuda humanitária na região e impedir o reagrupamento das forças governamentais.
Os nove meses de conflito no país já deixaram milhares de mortos e dezenas de milhares de deslocados. A situação humanitária é terrível.
Cerca de 400 mil pessoas vivem em condições de fome em Tigré, segundo estimou a ONU.
Na segunda-feira, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) disse que 300 mil pessoas agora enfrentam "níveis de emergência" de alimentos nas regiões de Afar e Amhara.
Os civis nessas regiões "estão cada vez mais próximos da fome como resultado do conflito", declarou Michael Dunford, diretor do PMA para o Tigré, em um comunicado.
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