RFI
Publicada em 11/08/2021 às 15h57
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reunirá chefes de Estado e de governo em dezembro para uma “cúpula virtual em prol da democracia". O anúncio feito nesta quarta-feira (11) soa como um desafio lançado à China e uma alternativa à tradicional reunião do G20.
O presidente democrata escolheu os dias 9 e 10 de dezembro para esse encontro remoto entre lideranças "de um grupo diversificado de países democráticos", além de autoridades da sociedade civil e do mundo empresarial, de acordo com um comunicado à imprensa.
O plano ainda prevê que os mesmos participantes deverão se reunir uma segunda vez, de forma presencial, um ano após a cúpula virtual, para avaliar os respectivos avanços em torno de três objetivos principais: “combater o autoritarismo, combater a corrupção e promover o respeito pelos direitos humanos”.
Biden não deu detalhes sobre a lista de países convidados para esta cúpula, que se apresenta, ainda que não oficialmente, como uma alternativa à reunião do G20 e uma provocação na direção de Pequim.
Os líderes do G20, grupo cuja composição é determinada pelo peso econômico dos países e do qual participam nações pouco democráticas, como China, Rússia e Arábia Saudita, devem se reunir no fim de outubro, na Itália.
O convite lançado pelos Estados Unidos também extrapola o quadro restrito do G7, grupo de grandes democracias ocidentais, no qual os países emergentes não estão representados. “O desafio do nosso tempo é mostrar que as democracias são capazes de melhorar a vida de seus próprios cidadãos e responder aos grandes problemas do mundo”, afirma o comunicado do governo norte-americano.
Líder do mundo livre
Este é um tema de interesse de Joe Biden, que já sinalizou, repetidamente, a sua disposição de reassumir o papel de "líder do mundo livre", tradicionalmente atribuído ao anfitrião da Casa Branca, algo que seu antecessor, Donald Trump, nunca fez questão de exercer.
Durante seus quatro anos no poder, o presidente republicano abandonou a política multilateral em favor de acordos bilaterais, muitas vezes conflitantes.
Essas duas cúpulas devem "dar aos líderes mundiais a oportunidade de ouvir o que seus parceiros e cidadãos estão dizendo, para discutir seus sucessos, para encorajar a cooperação internacional e para falar francamente sobre os desafios à democracia", completa o anúncio.
Joe Biden, que acaba de obter uma grande vitória em seu país com a votação no Senado de um gigantesco plano de infraestrutura para a retomada da economia americana, de alguma forma acredita que já mostrou o caminho.
“Durante seus primeiros seis meses no poder, o presidente reacendeu a democracia em casa, vacinando 70% da população, aprovando um plano de estímulo, fazendo avançar um projeto de lei apoiado por deputados de ambos os partidos, de investimentos em infraestrutura e competitividade. Também reconstruiu alianças com nossos parceiros democráticos”, enumerou a Casa Branca, em seu comunicado.
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